Dia Mundial da conscientização do Autismo, conheça histórias de pais atipicos e seus filhos em Porto Velho

A conscientização do autismo começa quando entendemos a diversidade do espectro

Por Jornal Rondônia/Ana Fonseca

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O dia 2 de abril é o dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data, escolhida Organização das Nações Unidas – ONU, tem como objetivo levar informação à população em relação ao transtorno do Espectro Autista, a fim de reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo autismo.

A equipe do Jornal Rondônia foi conhecer duas lindas famílias que convivem e se adaptam diariamente a rotina e conquistas de crianças que vivem de superação. A primeira família e a da Geovana Silva Amaral e o Silvino José Araújo, ambos de 28 anos, que são os pais do Ezequiel Amaral Araújo de cinco anos diagnosticado com dois anos  e quatro meses de idade.

Geovana relata que a primeira suspeita veio da madrinha de Ezequiel que convivia com autistas e sempre falava que ele tin ha o mesmo jeito, quando ela começou a ler e buscar informações sobre. Notando que as informações batiam com o jeito da criança a mãe resolveu levar ao neurologista, quando enfim, o diagnostico de moderado pra três.

Pais do Ezequiel/Jornal Rondônia

Os pais que já tiveram que suportar diversos olhares de julgamento, falam para a redação que para quem tem filho autista cada palavra é uma vitória, o pedia para ir no banheiro, pedir água, que quer comer, por mais que as frases não sejam completas cada conquista da criança e motivo de total alegria, e que a sociedade precisa se preparar para receber as crianças.

Já para o pai, Silvino, a sociedade em si precisa conhecer e entender, pelo menos para tentar viver um pouco desse mundo: “ na minha cabeça e o seguinte, eu não tenho que adaptar o Ezequiel para viver no nosso mundo, eu quero que as pessoas se adaptem no mundo dele. Quem tiver no ambiente vai precisar entender, que se ele estiver no meio de uma crise, se ele estiver se regulando, as pessoas que estão em volta terão que entender isso, olhar e achar que e uma coisa normal.  Eu não quero preparar ele para o mundo, eu quero que ele veja as coisas da forma que elas realmente são. Se pararmos para pensar se a gente parar pra pensar, por que todo mundo tem suas peculiaridades ” afirmou.

Maria Aparecida e Emanuel/Jornal Rondônia

Já Enfermeira, Maria Aparecida Rodrigues de 39 anos, mãe de Emanuel Filipe da Silva de 07 anos diagnosticado aos 4 anos de idade, conciliar o serviço com a rotina atípica deveria ser mais fácil pois a lei ampara: “Ao meu vê como mãe atípica, essa questão da Lei em relação a redução de carga horaria, eu acredito que deveria ser algo mais fácil pra gente, por que a gente tem uma certa dificuldade até para conseguir a redução. Documentação, comprovação, fora a liberação, tem que passar por pericia, e um processo bem demorado pra quem tem bem corrida, com terapias e tudo mais”.

Maria Aparecida ainda fala que e necessário que além de todos os pais precisem se inteirar sobre o assunto e de extrema importância que esse conhecimento sobre o autismo seja passado para as crianças para evitar transtornos e até mesmo preconceitos de crianças para as crianças TEA.

“ Eu não sou de me importar com os olhares ou com as frases tipo, mas ele não tem cara de autista, mesmo que no meu vê autismo não tenha cara, uma certa vez eu passei por uma situação extremamente estressante, o Emanuel as vezes precisa correr de um lado para o outro para se acalmar, e isso aconteceu em um mercado na capital, quando uma criança perguntou para uma senhora, supostamente sua avô, se meu filho era doido, e o que me incomodou não foi a pergunta e sim a senhora sorrir com cara de deboche e em momento nenhum tentar explicar o que de fato era. As pessoas precisam se informar, até mesmo quem diz ter conhecimento, pois muitas das vezes até mesmo quem conhece da lei não nos ajuda a ser amparados. As pessoas com autismo falam, elas conseguem interagir, as pessoas conseguem ter uma qualidade de vida dentro do considerado pessoas normais, são determinados aspectos que fazem eles serem diferentes das outras e é por isso que e bom ter um conhecimento, buscar um pouco de conhecimento sobre o autismo por isso o trabalho de conscientização”, disse a profissional.

Baseado em todos os fatos acima, precisamos contar algumas informações que todos nós podemos adotar no nosso dia a dia e que nos aproxima cada vez mais de construir, de fato, com uma sociedade mais informada e comprometida.

  • Autismo não é doença

O Autismo é uma condição que altera o desenvolvimento padrão da linguagem, interação social, processos de comunicação e do comportamento social. O autismo não é uma doença se considerarmos a definição de doença como uma enfermidade.

Isso porque a palavra doença geralmente traz consigo um significado muito negativo, como fragilidade física e risco de morte, por exemplo. Felizmente estes são aspectos que não estão diretamente associados à condição. Ao discutirmos a conscientização do autismo, é sempre muito importante ter em mente que o autismo é um transtorno do desenvolvimento, muito embora as desordens do espectro estejam listadas na classificação de doenças e problemas relacionados à saúde, atualmente CID 10, e a partir de 2020 CID-11.

O DSM 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica o autismo e as outras condições do TEA como um transtorno mental. Por isso ao lidar com um autista ou seu cuidador, lembre-se de não tratá-lo como alguém doente. Do ponto de vista clínico, a condição pode ser trabalhada, reabilitada, modificada e tratada, com o propósito de adequar o indivíduo para o convívio social e até mesmo para as atividades acadêmicas.

  • O autismo não “tem cara”

A conscientização do autismo começa quando entendemos a diversidade do espectro. Por isso, é importante esclarecer que cada autista é um, alguns podem ter uma vida aparentemente normal, o que não significa que ele não seja autista

Outros, autistas, por outro lado, geralmente os autistas severos, podem ser reconhecidos de longe, tanto pela postura corporal, como pela expressão facial, estereotipias ou comportamentos de alguém que têm algum comprometimento intelectual.

É sempre importante lembrar que o TEA ou Transtorno do Espectro Autista define uma série de alterações no desenvolvimento neurológico e no padrão comportamental, impactando a interação social e as habilidades de comunicação, que também podem gerar padrões repetitivos e interesses restritos pronunciados.

A noção de espectro nasceu justamente para definir a grande variabilidade de sintomas, alterações e características das pessoas com algum grau de autismo. Como o comprometimento nas habilidades de interação social e comunicação se manifestam em maior ou menor grau de gravidade, utiliza-se o termo espectro.

  • Pesquisas apontam que 1 a cada 100 pessoas possuem algum grau de TEA

Outra coisa muito importante a respeito do TEA é a incidência. Embora ainda tenhamos um longocaminho a percorrer dentro da conscientização do autismo, isso não significa que ele seja raro.

Muito pelo contrário, estima-se que no Brasil existam cerca de 2 milhões de pessoas dentro do espectro. As estatísticas também demonstram que destes 2 milhões, cerca de 400 a 600 mil deles tenham menos de 20 anos e que aproximadamente 120 a 200 mil sejam menores de cinco anos.

Dentro da perspectiva mundial, a ONU (Organização das Nações Unidas) estima que tenhamos 70 milhões de autistas. Entre as crianças, o autismo é mais comum do que a soma dos casos infantis de câncer, diabetes e Aids

Os números podem ser ainda maiores, por isso é importante lembrar que o autismo faz parte da nossa sociedade, e é nosso papel acolher essas pessoas e seus cuidadores com atenção, respeito, cuidado e empatia.

  • Conscientização do autismo: Os direitos da pessoa com TEA

A conscientização do autismo é também uma maneira de contribuir para a garantia os direitos da pessoa com TEA. Além disso, todas as inciativas nesta direção devem sensibilizar a sociedade quanto ao espaço dos autistas nas escolas, nos grupos sociais, e para aqueles de grau leve, para a inclusão nas universidades e no mercado de trabalho.

Perante a lei, as pessoas com autismo têm os mesmos direitos de qualquer outro cidadão. Tanto aqueles previstos na Constituição Federal de 1988 quanto nas demais leis do País. Mais do que isso, as pessoas dentro do espectro do autismo têm todos os direitos previstos em leis específicas para pessoas com deficiência, a saber, as leis de números: 7.853/89, 8.742/93, 8.899/94, 10.048/2000 e 10.098/2000.

Isso porque em dezembro de 2012, foi sancionada a Lei no 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que reconhece que as pessoas com autismo são pessoas com deficiência para todos os efeitos legais.

As normas internacionais assinadas pelo Brasil, como por exemplo a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, também são garantidas aos autistas, independentemente do nível em que estejam classificadas ou do grau de comprometimento que a condição lhes imponha.

Neste dia precisamos entender como ser humano que o autismo não se cura, se compreende.

Fonte: Jornal Rondônia/Ana Fonseca

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