O PSDB decidiu na última quarta-feira (8) que passará a fazer parte da oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) e iniciou a abertura de discussões internas sobre um possível processo de impeachment contra o presidente da República.
As decisões foram tomadas em reunião convocada pelo presidente do partido, o ex-deputado Bruno Araújo, após as falas de Bolsonaro nos atos do dia 7 de setembro. A posição do partido ainda está um passo atrás de pré-candidatos da legenda à Presidência da República, que defenderam um processo de impedimento.
O governador de São Paulo, João Doria, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto se manifestaram pelo prosseguimento do impeachment. Pelas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que “está ficando claro que é um erro mantê-lo” no Palácio do Planalto.
A direção do PSDB não dá prazo para definir uma posição a respeito do impeachment. “Registramos que após o pronunciamento inaceitável do chefe do Poder Executivo, na data de ontem, iniciamos hoje o processo interno de discussão sobre a prática de crimes de responsabilidade cometidos pelo Presidente da República”, escreve a nota da legenda.
No último dia 7 de Setembro, durante os atos a favor e contra o governo, João Doria defendeu abertura de impeachment de Bolsonaro pela primeira vez. Na quarta-feira, Doria fez críticas ao posicionamento de Arthur Lira.
O assunto ainda não é consenso no partido. A nota do PSDB diz apenas que a discussão sobre o assunto está sendo iniciada.
Com 33 deputados, o PSDB é a sétima maior bancada da Câmara. O PSD, empatado com o MDB como a quinta maior bancada, com 34 parlamentares, criou uma comissão para avaliar a possibilidade de defender o impedimento de Bolsonaro.
Diálogo com PT não é unânime
Na última terça-feira (7), a presidente do PT, Gleisi Hoffman informou à analista de política da CNN Renata Agostini que procuraria o partido tucano para sugerir diálogo e a criação de uma frente “suprapartidária” contra Bolsonaro.
O Partido dos Trabalhadores foi explicitamente mencionado na nota do PSDB, sugere a união de “forças de centro democráticos” para derrotar não apenas Bolsonaro, mas evitar a “volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos.”
A reportagem questionou os pré-candidatos do partido à Presidência sobre o assunto. Doria evitou responder ao questionamento e se limitou a dizer que a possível aliança cabe ao presidente nacional da sigla, Bruno Araújo. Aliados de Doria consideram que, com a disputa eleitoral de 2022, há poucas chances de um diálogo bilateral entre PT e PSDB.
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, divergiu: “a gravidade das manifestações de ontem exige que estejamos dispostos a conversar, inobstante mantenhamos divergências programáticas profundas”.