Vereadores acionaram a Polícia e registram o B.O na Polícia Civil. Há suspeitas de desmatamento ilegal e crime eleitoral favorecendo os candidatos: à deputada federal Joliane Fúria, esposa do prefeito Adailton Fúria; e estadual Cássio Goes, vice-prefeito
Atendendo solicitação dos vereadores: João Paulo Pichek, presidente da Câmara Municipal de Cacoal; Toninho de Jesus e Magnison Mota, a Polícia Civil do município registrou no final da tarde desta segunda-feira (26), Boletim de Ocorrência referente à uma denúncia atendida pela Guarnição da Polícia Militar Militar (PM) sobre o uso irregular de uma pá carregadeira pertencente à Prefeitura de Cacoal em uma propriedade rural na Linha 196, que segundo os legisladores, pertence ao funcionário portariado identificado como Zoilo Donizete Figueiredo, lotado na Secretaria de Meio Ambiente (SEMMA).
Segundo relatos feitos pelos vereadores aos policiais, o fato foi denunciado por moradores, e ao averiguarem a situação, constataram que o maquinário realmente estava na propriedade sem um dos pneus, onde também foi possível verificar uma grande área desmatada, e tal serviço não estava previsto para ser realizado pelo maquinário público.
De acordo com a Ocorrência, quando a Guarnição chegou ao local, acompanhada dos parlamentares, curiosamente a Pá Carregadeira havia sido retirada do local, restando outra máquina, que segundo o vereador Antônio Damião Martins pertence a uma Associação Rural.
Após realizar buscas na área em conjunto com os vereadores, a máquina, foi encontrada escondida dentro de um matagal. No interior dela, foi localizada uma pasta contendo diversas fichas da Prefeitura de Cacoal de atendimento ao produtor rural, algumas preenchidas, outras em branco, além de uma ficha de controle de hora máquina preenchida.
Conforme o Boletim, os documentos, assim como o maquinário e o local foram fotografados pelos vereadores. A chave do trator ficou em posse do vereador João Paulo Pichek, que ficou responsável por entregá-la ao secretário da Agricultura. Todas as fichas foram recolhidas e entregues na Delegacia de Polícia Civil.
Ainda segundo o B.O ( VEJA ABAIXO DA MATÉRIA), Adilei Aguiar Barbosa, que foi testemunha no caso, possui várias fotos e vídeos da máquina antes de ser removida e escondida em outro local da propriedade. Os vereadores suspeitam que as duas máquinas: uma do município e outra particular que estavam na propriedade, foram abastecidas pelo caminhão da Prefeitura, e ainda há suspeita de crime ambiental, devido à grande área desmatada.
Esclarecimentos
Ao fazer o uso da Tribuna durante a Sessão realizada na noite dessa segunda-feira, o presidente da Câmara pediu à Mesa Diretora que formalize três ofícios: um ao proprietário solicitando documento oficial pedindo os serviços no local; à Secretaria da Agricultura solicitando quem deu ordem para que o maquinário do município realizasse os trabalhos na propriedade; e outro questionado o por que o município não está caracterizando com sua frota conforme determina o artigo 5º da Lei 3018/2012.
Em relação a declaração do prefeito Adailton Fúria feita após o caso vir à tona nas redes sociais de que a pá carregadeira não estava escondida, mas estava parada porque estava “quebrada” e portanto nem estava funcionando, com as chaves do maquinário em mãos João Pichek desafiou: “prefeito não chame a gente de mentiroso não. Vamos lá ver se não está! Estamos cansando de fazer cobranças e nada ser resolvido. Pare de mentir! Não é a primeira vez que estamos com o vereador Toninho averiguando denúncias. Mas desta vez, não tiveram sorte”, afirmou.
Desmatamento ilegal
Em discurso, o vereador Magnison confirmou fortes indícios de desmatamento ilegal na área. “Chegamos lá, a máquina estava arrancando matas, capoeirão, e árvores de cubo metro de 50 a 60 centímetros. E tem coisas piores pra vir aí ainda. Quero saber como estavam abastecendo as máquinas, uma da Secretaria e a outra não, e fazendo serviços há mais de semanas para um produtor?”, questionou, acrescentando que “inclusive quando chegamos, um produtor saiu correndo e não achamos ele. Fomos chegar os pedidos, não tinha nenhum para aquela Linha. Mas estava lá a máquina fazendo serviço particular com o dinheiro de vocês”.
O vereador Toninho de Jesus reforçou que a denúncia partiu dos próprios produtores que estão indignados com a situação. “As valas de desmatamento são tão grandes que os vizinhos estão com medo de derrubar as casas. E se precisar trago eles aqui para desmascarar quem disse que estamos mentindo. Pelo amor de Deus, respeitem pelo ao menos os agricultores”, relatou, citando que a comunidade confirmou que um caminhão estava indo abastecer duas máquinas na propriedade: uma do município e outra particular.
“Famílias que estão perdendo o café me ligaram chorando pedindo ajuda para colher e o secretário só sabe dizer que a máquina está quebrada. E agora acontece isso” lamentou, complementado que, há algum tempo tem ligado para resolver várias outras situações, mas a resposta é sempre que está em Campanha das 8 horas às 22 horas.
Crime eleitoral?
A denúncia provocou à parte de outros vereadores. O vereador Dr. Paulo Henrique para fazer outra denúncia semelhante: “pra completar o produtor está sendo orientação a não pedir apoio aos vereadores, é pra ir na Agricultura fazer um Cadastro. Recebi outra denúncia que tem PC na Linha 11 fazendo serviços particulares nos finais de semana. E vou encaminhar a denúncia para o Ministério Público. Está claro que isso é captação de votos visando as Eleições de 2002. Assim fica fácil fazer Campanha. Este prefeito não sabe o que é trabalhar com honestidade”, rechaçou.
Em relação à propriedade denunciada, Paulo Henrique ainda fez um questionamento reforçando a suspeita de crime eleitoral: ‘de quem são as placas dos candidatos que estão na frente da propriedade?”. Magnison respondeu: “Joliane Fúria e Cássio Goes”.
“A Câmara tem que se posicionar, porque a coisa parece bem mais séria”, admitiu o vereador Paulinho do Cinema, que faz parte da base mas há algum tempo, assim como os demais colegas, tem demonstrado insatisfação em relação à atual administração.
O vereador Corá também pediu o à parte para lembrar que na época do ex-prefeito padre Franco, quando foi tirada uma Unidade Mista da 2 de Junho para o Daniel Comboni, o Ministério Público (MP) pediu afastamento dele. “E hoje o atual prefeito faz o que bem quer, e o MP não fala nada”, mencionou, citando também a questão dos desvios de combustíveis e acrescentado: “está certíssimo, tem que denunciar”.
LEIA O BOP (Boletim de Ocorrência Policial)
