Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que um casal de brasileiros que estava na África do Sul foi infectado pela nova variante do coronavírus, a Ômicron.
Diante disso, a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia e chefe do Laboratório de Virologia Molecular, doutora Deusilene Vieira, acredita que as restrições de circulação de pessoas deveriam ser repetidas.
“Essas medidas são fundamentais para atenuar a propagação do vírus. Isso deve ser considerado para todas as variantes, inclusive a Ômicron. Sabemos que esse vírus tem características de propagação mais rápida. Aqui em Rondônia, assim como em qualquer outro local, há possibilidade da chegada desse vírus”, disse ela.
Ela atualmente coordena pesquisas sobre à Covid-19 em Rondônia e integra a Rede de Vigilância Genômica da Fiocruz. Ela dá detalhes sobre o que já se sabe da variante, que provavelmente surgiu na África, continente menos vacinado do planeta.
“Essa nova variante apresenta características bem diferentes de todas as outras, como a presença de aproximadamente 50 mutações. Dentro dessas, temos 30 mutações associadas a proteína Spike, que é responsável por favorecer a entrada do vírus no organismo. Quando comparamos com a variante Delta, podemos dizer que ambas são consideradas de preocupação juntamente com Alpha e Gamma, pois possuem capacidade de transmissão alta. Ou seja: são mais contagiosas”.
Proteção
O Rondoniaovivo perguntou à pesquisadora da Fiocruz Rondônia se será necessário tomar mais uma dose de reforço, além das três já previstas pelo Ministério da Saúde. Segundo Deusilene, é possível que as pessoas que já tiveram Covid, possam ser reinfectadas com a Ômicron.
“A dose de reforço é fundamental tanto em relação a essa nova variante como para outras que já estão circulando. A reinfecção é uma possibilidade para essa variante, assim como para outras já conhecidas como a Delta, Gamma e Alpha, que são preocupantes”.
Segundo matérias publicadas pelo Rondoniaovivo, 60 mil pessoas ainda não tomaram nenhuma dose da vacina em Porto Velho. O número ainda é mais assustador em todo o estado: 300 mil ainda não tomaram nenhuma dose ou nem retornaram para a segunda.
Para a especialista em saúde pública, a vacinação é fator determinante para que a pessoa não tenha sintomas graves da Covid-19.
“A imunização é fator principal de defesa contra um quadro mais grave da Covid-19. Pessoas imunizadas que têm contato com o vírus, podem desenvolver um quadro mais leve ou até mesmo nem apresentar sintomas. Em cerca de 90% dos casos, enquanto pessoas não vacinadas ou parcialmente vacinadas, tornam-se alvo para desenvolver esse quadro grave. Outro ponto é que elas podem favorecer o surgimento de novas variantes”.
Cuidados
Para Deusilene Vieira, a prevenção básica como uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social e ambientes ventilados, ainda são as melhores medidas para evitar o contágio pelo coronavírus da Covid-19.
“Com certeza, essas medidas são fundamentais, independente se estamos ou não imunizados. Elas conseguem barrar a propagação da doença. Os indivíduos que têm comorbidades devem ter cuidados redobrados. Também é fundamental que pessoas que não foram imunizadas ou tomaram apenas a primeira dose, procurem um posto de saúde, pois apenas dessa forma conseguiremos evitar a disseminação desse vírus”.