Uma jovem de apenas 16 anos está entre as novas vítimas do coronavírus na França, segundo anunciou o governo nesta quinta-feira 26. Julie (que não teve o sobrenome divulgado) era saudável e não estava no grupo de risco da Covid-19.
“É um choque perder um filho, a vida perde o sentido, mas temos a obrigação de continuar”, disse a mãe de Julie, Sabine, ao jornal Le Parisien. A mulher diz que a menina nunca apresentou doenças que a colocassem entre as vítimas mais vulneráveis da Covid-19 (idosos acima dos 60 anos, hipertensos, asmático e diabéticos). “Ninguém é invencível”, afirmou.
Os sintomas da doença começaram leves: de início, a adolescente apresentou apenas uma tosse seca. Mas as condições começaram a se agravar no último fim de semana, quando seu corpo passou a produzir secreção e ela começou a perder o fôlego. Na segunda-feira 23 a adolescente consultou um clínico geral no Hospital Essone, em Paris. O médico constatou o rompimento dos brônquios e pediu a internação. No mesmo dia um teste para Covid-19 foi realizado, mas deu negativo.
A situação piorou e Julie foi transferida para o Hospital Necker, onde mais dois testes para o vírus deram negativo. A jovem seguiu internada sem assistência respiratória até que um telefonema do Hospital Essone revelou que o primeiro teste havia, na verdade, dado positivo. A francesa foi então entubada na terça-feira 24 em um respirador artificial, mas seu pulmão não resistiu.
“Foi violento. Tivemos tempo de vê-la, mas depois tudo aconteceu muito rápido. Por causa das circunstâncias da epidemia, o protocolo para o enterro é muito rigoroso. Sei que é complicado, mas um pouco mais de humanidade é necessário”, disse a mãe.
O corpo será velado na segunda-feira, 30, com a presença de até, no máximo, 10 pessoas, com está previsto no decreto do governo. Em sua escola, porém, os alunos farão uma homenagem no dia 4 de maio, data em que está prevista a voltas às aulas. Eles pretendem erguer um memorial, fazer um minuto de silêncio e uma passeata usando as cores branco e vermelho.
As mudanças nas relações humanas por causa da pandemia de coronavírus
A pandemia do novo coronavírus já atingiu mais de 160 países, infectando 549.604 e matando 24.863 pessoas, segundo a Johns Hopkins University. A França tem um total de 29.581 infectados e 1.698 mortes pela doença, com um óbito a cada 4 minutos.
O pior cenário é o dos Estados Unidos, com 86.012 casos e 1.301 mortes, que vem seguido pela China, onde a doença se originou, com 81.897 infectados e 3.296 mortes.
Em terceiro lugar está a Itália, onde o vírus causou, até então,o maior número de mortes no mundo: 8.215 óbitos. A Espanha aparece em quarto lugar, com 64.059 casos e 4.858 mortes. No Brasil, foram contabilizadas 2.567 infecções e 61 mortes, a maioria no estado de São Paulo.