Na próxima sexta-feira (13), começa a liberação do saque de até R$ 500 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo e Serviço). O primeiro lote estará disponível para os nascidos em janeiro, fevereiro, março ou abril. Os que nasceram em maio, junho, julho ou agosto realizarão o saque a partir de 27 de setembro e os aniversariantes de setembro, outubro, novembro ou dezembro estão liberados no dia 9 de outubro.
A expectativa do governo para esse ano é que sejam liberados R$ 30 bilhões e, em 2020, mais R$ 12 bilhões do FGTS e do PIS/Pasep. O saque limite de R$ 500 valerá para contas ativas e inativas do FGTS.
Fabio Gallo, professor de finanças da FGV EAESP, diz acreditar que esse dinheiro pode dar uma “animadinha” na economia. “Não vai fazer a economia rodar nesse momento. Não vai tirar da situação atual, vai dar uma ‘animadinha’, mas nada acima disso”, comentou.
Com o aumento do número de pessoas endividadas, o professor acredita que o valor retirado seja utilizado para pagamento de dívidas. “Potencialmente, esse dinheiro seja usado fortemente para o pagamento de dívida, o que também é bom para a economia. Não é uma notícia ruim”, analisou Gallo.
Dívidas dos brasileiros
Pesquisa divulgada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), com dados referentes ao mês de julho, revelou que 37% dos brasileiros possuem dívidas que não ultrapassam o valor de R$ 500, o mesmo que será liberado na sexta-feira (13).
Apesar do número de inadimplentes ter crescido em julho (1,73%) em relação ao mesmo mês do ano passado, 53% dos brasileiros com contas atrasadas têm dívidas que não superam R$ 1.000.
Expectativa do comércio
João Sanzovo Neto, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), declarou que com a economia na “corda bamba”, a instituição pensou em revisar a expectativa inicial de 3% de crescimento nas vendas de 2019 para um valor inferior. “Após sabermos da liberação do FGTS e também do PIS/Pasep, resolvemos manter a projeção do começo do ano, em 3%”, falou.
Sanzovo Neto comentou que a liberação “representa uma dose extra de otimismo” para os próximos meses. “Para o nosso setor, essas medidas, que devem injetar R$ 30 bilhões na economia este ano, de acordo com o governo federal, representaram uma dose extra de otimismo em relação aos próximos meses, e nos impulsionaram a acreditar em um final de ano mais promissor”, disse o presidente.
De acordo com Neto, a redução na taxa básica de juros, antecipação do 13º dos aposentados e, ainda, a Semana do Brasil, foram outras medidas que incentiveram o “otimismo” no setor.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Fabio Bentes, ressaltou que em 2017 o FGTS ajudou o varejo a se recuperar. “Em 2017, o FGTS ajudou o varejo a se recuperar, lembrando que 2016 foi o ano de recessão. Na segunda metade de 2017, alguns setores já apresentavam um resultado bem melhor.”
Bentes diz acreditar que R$ 9,6 bilhões serão destinados ao varejo, no qual R$ 3,3 bilhões (34% do valor) devem ser gastos no segmento de vestuário.
“Em relação ao mesmo período do ano passado [entre setembro e dezembro], a tendência é que tenha um aumento entre 1% a 1,5% no varejo”, disse o economista.
Assim como Fabio Gallo, Bentes também analisa que maior parte dos recursos deve ser destinada para pagamento de dívidas. “Dividindo esses R$ 30 bilhões, 40% dos recursos devem ir para pagamento e quitacação de dívidas, segundo lugar é o impacto no varejo com 32% do total, depois consumo futuro (poupança ou recursos que vão ser consumidos nos meses subsequentes) com 16% e, por último, o setor de serviços com 12%.”
Incentivos no varejo
Diretora executiva do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo), Patricia Cotti destacou que algumas redes de empresas estão divulgando campanhas de marketing para incentivar as pessoas a usarem o benefício do FGTS com mercadorias.
“O varejo sempre olha isso de maneira positiva. As grandes redes já estão com algumas campanhas de marketing. Algumas empresas, principalmente as de eletrodomésticos, têm feito essa movimentação. Os meses de setembro e outubro são relativemente baixos de demanda para o varejo”, finalizou.