Os primeiros seis meses do terceiro governo Lula foram marcados por turbulências, sobretudo na relação com o Congresso, e por dificuldades de avançar para além dos programas sociais reciclados das gestões passadas. Confiante após aprovar parcialmente as duas maiores pautas econômicas de sua agenda, porém, Lula tentará, a partir de agora, consolidar sua base parlamentar e buscar entregas que melhorem sua cambaleante aprovação.
Essa consolidação da base passa pelo embarque formal do Centrão no governo, que começou a se desenhar no dia seguinte à aprovação da reforma tributária na Câmara, quando o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários, até agora independentes, visitaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada.
Lula não cedeu antes, dizem aliados, para não mostrar fraqueza e ter de entregar muito ao Centrão, que queria o Ministério da Saúde, o maior orçamento da Esplanada. Além disso, desceu amargo o acerto que foi feito com o União Brasil, que ganhou três ministérios logo de cara, mas não entregou votos quando o governo mais precisou, como na votação da MP que reorganizava a estrutura dos ministérios.
O governo, no entanto, não desistiu do União Brasil e deve acertar nos próximos dias a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo. O que falta é fechar com o partido o destino da Embratur, empresa ligada à pasta e com mais capacidade de entregas e de ser vitrine para seu presidente, que hoje é o petista Marcelo Freixo. A tendência é que Lula ceda a empresa no novo acerto se tiver a garantia de que o União vai agir como aliado daqui para frente.