RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – O número de casos de lesões que causam coceira na pele mais que dobrou em Pernambuco em uma semana, segundo dados notificados pelos municípios.
No fim de semana, o estado chegou a 427 casos, de acordo com informações divulgadas por prefeituras. Na terça-feira da semana passada (23), em comparação, eram 185 casos.
A Secretaria de Saúde de Pernambuco, no entanto, contabiliza por enquanto uma quantidade menor, 264. Em razão dos trâmites para a notificação, o número compilado pelo estado tende a ser inferior à soma do total informado pelas administrações municipais.
O surto -conceito usado na saúde para se referir à rápida expansão de uma doença em uma determinada região- estava concentrado na semana anterior em três cidades do Grande Recife, enquanto agora se alastra por 13 municípios de Pernambuco, inclusive da Zona da Mata.
Em meio à expansão, o Recife enfrenta o maior número de lesões que provocam coceira na pele. Na capital pernambucana, são 185 casos.
As ocorrências no Recife se distribuem entre 39 bairros, mas são predominantes entre Dois Irmãos e Guabiraba, na zona norte.
Nesta semana, os procedimentos de monitoramento e investigação continuam, por meio da aplicação de questionários nos locais de maior incidência e da realização de novos exames clínicos e laboratoriais.
Esse trabalho passa a contar com o reforço de uma equipe de dermatologistas. Outra frente é a instalação de armadilhas para a captura de mosquitos, afirma a prefeitura, em nota.
A Secretaria de Saúde do Recife pediu que as pessoas não se mediquem, mantenham as mãos higienizadas e busquem uma unidade de saúde para receber orientações e tratar os sintomas.
Os primeiros casos surgiram no início de outubro na região, mas se intensificaram no final do mês passado e no começo deste mês. Não há registro de casos graves associados à coceira em Pernambuco até o momento.
A orientação no estado é que os profissionais de saúde notifiquem os casos suspeitos em até 24 horas. A partir daí, eles devem ser investigados pela Secretaria de Saúde de Pernambuco em parceria com os municípios, em busca de uma possível conclusão sobre a origem do surto.
As principais hipóteses, segundo apurou a Folha, são sarna humana, alergia ou um tipo de arbovirose causada por mosquito. Ainda não há conclusão das apurações.
Uma nota técnica da Secretaria de Saúde de Pernambuco, de 19 de novembro, descarta um possível surto de doenças transmitidas por alimentos.
Na sexta-feira (26), um artigo produzido por pesquisadores da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) levanta a hipótese de que o suposto surto de sarna tenha elo com o uso indiscriminado de ivermectina.
O vermífugo, também utilizado em tratamento de sarna e piolho, é um dos medicamentos que integram o chamado “kit covid”, sem eficácia comprovada no combate à Covid-19 e que chegou a ter alta nas vendas de 1.272% em um ano em meio à pandemia.