Deflação é a queda generalizada de preços de produtos e serviços, de forma contínua. Essa foi a primeira queda de preços na base mensal em 2023, segundo os dados do IBGE.
Essa foi a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice teve deflação de 0,23%.
Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é 3,25%. Como há intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%.
De acordo com a última edição do Relatório Focus, do Banco Central (BC), o mercado projeta que a inflação termine 2023 em 4,95%, muito próxima do teto da meta definida pelo CMN.
Em 2022, o Brasil teve inflação acumulada de 5,79%. A taxa apurada ficou acima da meta estipulada pelo governo federal pelo segundo ano consecutivo.
Alimentos e bebidas puxam queda
De acordo com o IBGE, o resultado do IPCA em junho foi influenciado, principalmente, pelas quedas em alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%).
Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%) também tiveram recuo nos preços em junho. No lado das altas, o maior impacto (0,10 ponto percentual) e a maior variação (0,69%) no do mês vieram de habitação.
Resultado já esperado pelo mercado
Como o Metrópoles mostrou, o mercado já esperava deflação em junho. Dois motivos sustentavam essa percepção: a queda constante do preço de alimentos e o efeito contracionista sobre o mercado da taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo BC, atualmente de 13,75% ao ano.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), observa que o efeito da taxa básica de juros, a Selic, na economia é um dos elementos que explicam a queda da inflação. “Quando os juros sobem, fica mais difícil, por exemplo, o financiamento de bens duráveis, como máquinas de lavar, geladeiras e fogões”, diz. “Com isso, os preços desses produtos param de subir.”
Os juros definidos pelo BC, acrescenta Braz, também têm freado os aumentos no setor de serviços, onde inflação é bastante resiliente. “Em abril, o aumento da taxa esperado para esse segmento era de 7,5%, em 12 meses”, afirma. “Em maio, apenas um mês depois, ele já havia caído para 6,5%.”
Veja a variação de todos os grupos pesquisados
- Habitação: 0,69%
- Despesas pessoais: 0,36%
- Vestuário: 0,35%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,11%
- Educação: 0,06%
- Comunicação: -0,14%
- Transportes: -0,41%
- Artigos de residência: -0,42%
- Alimentação e bebidas: -0,66%