Há menos de um mês, o Flamengo emitiu nota oficial para negar a intenção de construir um estádio próprio na região do Parque Olímpico, na Barra. Agora, mediante a postura recente do governo do estado de interferir no contrato de permissão de uso do Maracanã, o plano B voltou à tona.
O clube entende que o episódio envolvendo a solicitação do Vasco para jogar no estádio deixa clara a dificuldade de relação de uma empresa privada que administra o bem e o poder público que o detém.
Por isso, marcou conversas com a Prefeitura do Rio e o Governo Federal, que dividem a administração do Parque Olímpico. A ideia é entender alternativas antes de a concessão do Maracanã ser renovada. O clube, inclusive, já cogita não renová-la. O tema é liderado pelo presidente Rodolfo Landim.
Nesta segunda, o Flamengo fez sua manifestação na ação movida pelo Vasco para jogar no Maracanã. E apresentou laudos e justificativas com a tese de que a liberação prejudica o gramado e o espetáculo nos seus jogos e nos do Fluminense. Inclusive, a ação do Vasco é contra o Flamengo, mas o clube solicitou que o Fluminense também figure no processo, que é defendido através do Consórcio Maracanã.
O Consórcio Maracanã respondeu no início da tarde desta segunda-feira o ofício enviado pelo Governo do Estado pedindo que a decisão de negar a utilização do estádio ao Vasco fosse reconsiderada. O Consórcio, formado por Flamengo e Fluminense, voltou a negar o pedido e contestou algumas informações dadas pela Casa Civil, pasta à frente da concessão do Maracanã.
No sábado, o Governo do Rio de Janeiro, através da Casa Civil, notificou o Flamengo (permissionário) e o Fluminense (interveniente anuente) por não permitirem a realização do jogo entre Vasco e Sport pela Série B. O documento exigiu a imediata reconsideração do Consórcio sob pena de sanções aos clubes.
O secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, afirmara ainda em 2021, em audiência pública sobre a concessão do estádio, que a ideia era de realizar 70 jogos por ano e que a gestão seria dos clubes como protagonistas, com o mínimo de 54 jogos em competições apontadas no edital, de nível nacional e internacional.
– O Estado define o número de jogos mínimo. Se o gestor irá discutir a realização de jogos entre dois, três clubes, não cabe ao Estado definir. É muito importante evitarmos os problemas da concessão anterior, e de outras no Brasil que não deram certo: um gestor que vai conversar depois com os clubes. Se a gente olhar o histórico, verifica que a relação é sempre ruim. Nesse modelo, a gente traz os clubes como protagonistas para que as regras estejam previamente discutidas com o gestor ou com o consórcio vencedor, de modo que tenhamos um ano de atividades sem discussão jogo a jogo do gestor com os clubes. Você força que a gestão do estádio previamente converse com os clubes.
Tema antigo
O Flamengo discute construção de estádio próprio no Rio há décadas. Normalmente, o tema surge como solução ao Maracanã para que não se fique refém de politicagem, mas os custos e a dificuldade de encontrar uma boa logística próxima ao Centro do Rio afastam a possibilidade. Outro ponto recorrente nessa pauta é a capacidade do palco. Não se cogita, em uma nova construção, ir além dos 50 mil a 60 mil lugares, mas a torcida pressiona para uma capacidade até maior que a do Maracanã, onde cabem perto de 80 mil. O transporte até o estádio também é a tabu. Para a região da Barra e adjacências, já houve projetos de estádio próprio que naufragaram neste tópico. O assunto é praxe em períodos eleitorais no clube e na cidade/estado.