Uma equipe de profissionais da saúde de Rondônia realizou a primeira cirurgia mandibulectomia com colocação total de prótese fora da Europa. O procedimento foi realizado no último sábado (8), em um hospital particular da capital, e contou com uma equipe composta totalmente por médicos locais.
Segundo o especialista em traumatologia buco-maxilo-facial, Flávio Martins, até o momento esse procedimento tinha sido realizado na Bélgica, Alemanha e Suíça: todos países europeus. Ao g1, o médico explicou as dificuldades do procedimento.
“Tirar a mandíbula inteira não é novidade nenhuma, isso já é feito. Só que o paciente fica sequelado, não consegue se alimentar e precisa usar um cano para comer. Eu trabalho com próteses e essa foi a primeira vez que uma mandíbula foi substituída totalmente por uma prótese, fora da Europa. Foi um desafio, precisamos deixar todas as vascularização e músculos interligados para que a mandíbula abrisse normalmente”.
O paciente que recebeu a prótese mandibular tem 74 anos e passou por um tratamento de câncer na região da cabeça e pescoço há cinco anos. Para eliminar a doença, foi necessário realizar sessões de quimioterapia e radioterapia que causaram graves sequelas.
“O paciente tratou um câncer e esses medicamentos podem desencadear uma necrose por radiação. Ele ficou com sequelas da radiação e fraturou a mandíbula, uma bactéria acabou contaminando toda a região e precisávamos tirar”, contou Flávio.
Os tratamentos contra o câncer fizeram com que o paciente desenvolvesse, há um ano e meio, uma osteonecrose: condição que afeta a medula óssea da mandíbula, gerando complicações cardíacas e uma fratura patológica.
De acordo com o especialista, o mais comum é realizar pequenas reconstruções da mandíbula, utilizando partes da própria mandíbula do paciente. Neste caso, foi necessária a substituição total por uma prótese mandibular em titânio, conectada as articulações direita e esquerda do crânio.
A decisão foi pensada com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente, que agora pode voltar a se alimentar e se comunicar oralmente.
“A recuperação está sendo melhor do que a gente imaginava. Em cerca de 24 horas ele já estava conseguindo falar. A cirurgia estava prevista para durar entre 14 e 15 horas, mas acabou durando só 6 horas”, contou o especialista Flávio Martins.
A equipe que realizou o procedimento foi composta pelos especialistas Flávio Martins da Silva, Luis Eduardo Maiorquin, Leopoldo Fujii e pelo Guilherme Omizzolo.