Criticado pelo ritmo lento de vacinação contra a covid-19, o governo federal avalia a possibilidade de usar fábricas de vacinas para animais na produção de imunizantes contra o novo coronavírus. Foi o que disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, depois de uma reunião com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.
Para o ministro, o uso de fábricas de produtos para animais pode contribuir para que o Brasil não só amplie a capacidade própria de imunização, mas, também, futuramente, ofereça doses a outros países.
Segundo ele, na reunião também foram discutidas medidas que possam assegurar mais fármacos para os próximos três meses.
Após reduzir previsões anteriores, Queiroga afirmou que o país tem asseguradas 30 milhões de doses para abril, o que, segundo ele, permite ao governo continuar aplicando neste mês a marca de 1 milhão de doses ao dia. “Primeiro objetivo é em abril conseguir permanecer todos os dias com um milhão de doses”, afirmou. Essa marca, porém, só foi atingida na última quinta-feira.
O ministro também comentou que o Brasil tem “negociado fortemente” com a embaixada da China sobre a ampliação de disponibilidade do Insumo Farmacêutica Ativo (IFA), principal componente das vacinas fabricadas tanto pelo Instituto Butantan — produtor da CoronaVac —, quanto pela Fundação Oswaldo Cruz — que faz a Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca.
A estratégia de adaptar a indústria de produtos de saúde animal foi vista positivamente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que disse não se opor à medida.
Essa indústria possui três plantas com nível de biossegurança máxima. Segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), Emílio Salani, há capacidade suficiente para atender a demanda de vacinação em todo o país.