Ocorrida na manhã desta segunda-feira (08), no plenarinho da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (ALE/RO), a Audiência Pública para tratar sobre inúmeros pontos referentes ao caos em que se encontra o estado, sobretudo a capital, contou com a presença de políticos, secretários e servidores da saúde. A audiência foi proposta pelo deputado estadual Dr. Neidson (PMN), que atendeu ao pedido da vereadora Ada Dantas Boabaid (PMN), após realizar junto com ela, fiscalização no hospital Cosme e Damião, e também receber denúncias de cidadãos e servidores sobre a saúde no município.
A vereadora Ada Dantas (PMN) teceu comentários sobre as necessidades de melhor atenção para as unidades de saúde da capital e distritos, e salientou a necessidade de se fazer audiência pública para dar ciência à comunidade sobre os problemas enfrentados pelos servidores que refletem em insatisfação da população que buscam por atendimento médico nas mais diversas unidades de saúde da capital. Cobrou ainda que a prefeitura assuma a responsabilidade pelo serviço prestado, e que valorize os servidores que estão na ponta, atendendo a população da melhor maneira possível.
O Hospital e Pronto Socorro João Paulo II (HEPSJPII), portão de entrada para os mais diferentes casos de doenças e demais atendimentos está superlotado, com 70% de atendimento clínico e 30% cirúrgico, porém, de acordo com informado na audiência, a grande maioria dos atendimentos realizados no JP II, deveriam ter sido realizados em unidades de saúde, tais como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Policlínica Ana Adelaide, e outros. Entre os meses de janeiro e março de 2019, o João Paulo II realizou o atendimento de 11.700 pessoas, porém, destas apenas 3.506 permaneceram internadas e os demais foram liberados com receita ou encaminhamento ambulatorial.
Porto Velho foi responsável por 9663 atendimentos, sendo apenas 2492 internações. Grande pare destes pacientes poderiam ter sidos atendidos em outras unidades de saúde, mas por falta de médicos e/ou conhecimento da comunidade em geral, resulta em deslocamento para o João Paulo II, que conseqüentemente fica com corredores lotados e o serviço prestado pelos servidores acaba prejudicado. Um dos maiores hospitais da região norte, o João Paulo II atende os 52 municípios de Rondônia e, ainda, pacientes do Amazonas, Mato Grosso, Acre, Bolívia e outros enfermos de áreas fronteiriças.
No Hospital Infantil Cosme e Damião a história não é diferente. Atualmente, a unidade registra quase que diariamente superlotação e demora no atendimento. Isto ocorre devido à falta de pediatra no período noturno nas unidades de saúde. Os pais procuram atendimento para os filhos nas UPAs e policlínicas, porém, o município conta apenas com pediatra pela manhã e tarde. A vereadora Ada Dantas já conversou com a secretária municipal de saúde, Eliana Pasini, e foi informada que a Policlínica Ana Adelaide retornará com o atendimento pediátrico noturno, das 20h às 2h a partir do dia 1º de maio.
Eliana Pasini afirmou que diariamente as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da zona leste e zona sul realizam o atendimento médio de 400 (quatrocentas pessoas), contando com média de quatro médicos plantonistas. Disse ainda que haverá redistribuição de médicos, pois não há possibilidade de colocar médico 24h, pois nem todos os pediatras compareceram ao chamamento da prefeitura.
“Muitos médicos entram para prestar serviço no município, mas posteriormente conseguem outro local para trabalhar e por isso pedem exoneração. Mesmo que demore, o atendimento na UPA é realizado”, comentou Pasini.
Os servidores que acompanharam a reunião demonstraram insatisfação, pois estão trabalhando em unidades precárias, sem insumos e equipamentos que permitam prestar melhor atendimento à população. Com salários baixos, incompatíveis com o árduo e perigoso serviço que prestam, declararam que precisam de mais atenção com sua saúde, para que possam cuidar da saúde de outros.
Foi citado durante a reunião, a possibilidade de utilizar o antigo prédio da Assembleia Legislativa ou o antigo Hotel Vila Rica como forma de extensão do João Paulo II. Sobre o antigo prédio da ALE/RO, alguns dos atuais deputados estaduais são contrários e o tema deverá ser novamente discutido. Sobre o Vila Rica, o secretário estadual de saúde, Fernando Máximo disse que o prédio possui limitação de alterações na estrutura, e isso será analisado para verificar se há a possibilidade de o prédio atender ao estado.
Por fim, ficou a se marcar nova audiência em aproximadamente 30 dias, com participação do estado e município, para que seja analisado se houve melhora significativa, sendo colocado em prática o que foi debatido na manhã desta segunda-feira (08).