RONDÔNIA – O empresário vilhenense Jaime Bagattoli esteve na redação do Extra de Rondônia, na tarde desta quinta-feira, 10, para falar acerca do episódio que acabou derivando em seu desligamento litigioso do PSL dias atrás.
“Depois de tudo que fiz pelo partido e de ter sido o principal responsável pela eleição de Marcos Rocha ao governo, fui ‘premiado’ com um processo de expulsão do partido”, afirmou o vilhenense, que foi um fenômeno político nas eleições passadas, conquistando mais de 212 mil votos na disputa ao Senado.
Apesar do ressentimento evidente, o empresário diz que torce pelo acerto do governador em suas ações no Executivo, “afinal de contas se ele for mal, a população rondoniense irá pior ainda”.
Quanto ao seu projeto político pessoal, Bagattoli aguarda o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro para definir a legenda para a qual irá migrar.
Ele começa seu relato relembrando o que era o PSL em termos de potencial eleitoral antes de deu ingresso na legenda. “Eu fiz esse partido, e o ótimo desempenho eleitoral nas urnas no ano passado é reflexo do trabalho e do suporte que dei para a legenda ser protagonista no processo eleitoral”, analisa.
No entanto, ele ressalta que a relação com Marcos Rocha sempre foi tumultuada. “Houve problemas no passado e eles voltaram a ocorrer no presente, mas o fato é que este governador está no cargo não por causa do ‘efeito Bolsonaro’, mas sim em virtude de minha participação na campanha. Eu elegi este governador”, dispara Bagattoli.
E ele não faz concessões e dispara que o processo que levou à sua exclusão foi “outra canalhice” praticada pelo presidente do diretório regional da legenda, o próprio governador, que já havia feito algo semelhante pouco antes da campanha eleitoral do ano passado.
Naquela ocasião teria armado uma trama para impedir que Jaime fosse candidato ao Senado, depois teve que recuar por determinação do Diretório Nacional do partido, e para ficar de bem com Jaime, que seria o principal financiador da campanha do PSL em Rondônia, contribuindo com mais de R$ 600 mil, lançou a culpa sobre o secretário do diretório regional daquela época. “Agora que não tem mais o Bueno (o ex-secretário do diretório), de quem é a responsabilidade quanto a este processo de expulsão?”, questiona.
De acordo com documentos mostrados por Jaime à reportagem, o processo instaurado pela Comissão de Ética contra ele foi desencadeado após críticas que ele fez na imprensa contra o governador e dirigentes locais da legenda, que classificaram a ação como “difamatória”.
O empresário ironiza: “então quer dizer que eles estão acima da crítica, e ninguém pode falar absolutamente nada a respeito de suas ações? ou seja, são avessos ao direito de opinião e a democracia?”.
Mas, no desenrolar dos fatos, o destino acabou se mostrando a favor de Jaime. Isso porque sua participação no PSL e na campanha eleitoral se deve ao apreço e amizade que tem com o presidente da república, Jair Bolsonaro – “que também está sendo tratado de forma “canalha pelo governador Marcos Rocha, parceiro do presidente nacional da sigla, Luciano Bivar”, acrescenta – que ao que tudo indica está de saída do partido.
“Sou partidário do presidente, confio nele e em seu governo, e vou lhe procurar lhe acompanhar para o partido que ele decidir se filiar, se, evidentemente, houver espaço na legenda dentro do contexto político local”, observa.
Ainda, em suas considerações acerca do PSL de Rondônia e do governador Marcos Rocha, Jaime disse que apesar de toda a traição e forma sórdida com que foi tratado, não deseja mal nem para o partido e nem para o governo. “Ao contrário, torço para que ele encontre um rumo diferente deste início de mandato, pois assim as coisas irão acontecer de forma positiva e o governo tem chances de deslanchar. Não posso torcer contra Rondônia por causa de algumas pessoas, mesmo porque se o governo for mal, será muito pior para todos nós que fazemos parte da população”, arrematou.
Para encerrar a entrevista, Jaime explicou que neste momento não pode dizer nem que é ou que não é candidato a prefeito de Vilhena justamente em função do que foi dito logo acima quanto a sua fidelidade com o presidente Jair Bolsonaro. “Enquanto ele não definir seu futuro partidário, eu fico em compasso de espera para fazer o possível a fim de lhe acompanhar em âmbito regional. Após isso, será preciso uma avaliação do cenário político para definir eventual candidatura em 2.020 ou 2.022. Mas, asseguro que tenho meta de continuar a participar da política de nossa cidade e região, tentando contribuir para o processo da melhor forma que puder”, fechou Bagattoli.