A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (13), o principal suspeito de matar o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau. Ari fazia parte do grupo de monitoramento e denunciava extrações ilegais de madeira dentro da Terra Indígena (TI).
Ari foi encontrado morto na manhã de 18 de abril de 2020. O corpo dele estava caído na margem esquerda da RO-010, em Jaru (RO), e tinha lesões no pescoço e cabeça.
Inicialmente o caso era investigado pela Polícia Civil de Jaru e foi repassado para a PF quando as investigações apontaram que a motivação do crime seria o trabalho de Ari contra a venda ilegal de madeira em seu território.
Investigações
Segundo a PF, desde o ano passado os agentes estão fazendo entrevistas com pessoas que tinham ligação com Ari e seu trabalho. Um dos pontos apurados na investigação é que a morte do professor ocorreu entre 1h e 03h da madrugada.
As lesões e sinais encontrados no corpo de Ari apontaram para uma morte violenta, sem possibilidade de defesa. Segundo a PF, a hipótese é que o suspeito dopou a vítima, a agrediu até a morte e depois disso teria movido o corpo para outro local.
Diante das informações colhidas, foi identificado o principal suspeito do crime. Ele não teve o nome divulgado, mas, segundo a PF, o autor do homicídio já se encontrava preso preventivamente por outro homicídio e é suspeito de outros crimes.
Nesta quarta-feira (13) a PF cumpriu a nova prisão preventiva do suspeito, dessa vez pela morte de Ari .
Nunca esquecido
Ao longo desses dois anos, o nome de Ari ecoou dentro e fora de Rondônia. Ele foi lembrado na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26) na Escócia, durante discurso da ativista indígena Txai Suruí, em novembro do ano passado.
“Enquanto vocês fecham os olhos para a realidade, o defensor da terra Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo desde que eu era criança, foi assassinado por defender a floresta. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática e nós precisamos estar no centro das decisões tomadas aqui”, disse Txai durante discurso (assista abaixo).
O indígena é parte importante na construção do documentário “O Território”. O filme foi produzido com ajuda de indígenas Uru-Eu-Wau-Wau e mostra a História desse povo pela defesa de suas terras.
Ari também foi lembrado no relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgado em 2021, em Rondônia. O documento aponta que há anos a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau sofre com invasões, desmatamento, grilagem e queimadas.
As ameaças também são constantes, deixando lideranças indígenas e o povo sem liberdade e segurança mesmo no seu próprio território, segundo o Cimi.