Milhões de reais foram injetados na preparação dos criminosos convocados para executarem um possível plano de resgato a Marcos Wilians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, líder máximo da Facção criminosa Primeiro Comando da Capital – PCC. O que chama a atenção e que parte do treinamento é feita fora do país e conta com técnicas de guerrilha.
De acordo com a coluna Na Mira, que obteve informações exclusivas sobre a dinâmica da preparação dos faccionados selecionados criteriosamente pela chefia da quadrilha. O treinamento bélico ocorreria na selva boliviana, com guerrilheiros integrantes de forças paramilitares. Alguns grupos formados por mercenários desertores das forças armadas bolivianas também ensinariam aos criminosos.
O curso de guerrilha envolveria, principalmente, técnicas avançadas para o manuseio de armas pesadas e uso de explosivos. Aliados a esse conhecimento, os integrantes do PCC desenvolveram habilidades de sobrevivência na selva. Essa última informação tinha um propósito especifico: explorar a geolocalização do presídio federal na capital, onde Marcola estava encarcerado. Atualmente, ele se encontra detido em Brasília.
Sobre a fuga pela selva:
Em fala ao Site Metrópoles o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo – MPSP, Lincoln Gakiya, também atuante no combate às facções criminosas, o ponto onde fica o presídio, próximo a mata, facilitaria o resgate do chefe da facção paulista. “Embora as unidades federais tenham praticamente a mesma forma de difusão e protocolos de segurança, o presídio é muito distante da capital, praticamente encravado na selva. A divisa com a Bolívia facilitaria uma possível fuga”, afirmou.
Gakiya relatou ter havido muita preocupação das autoridades federais com a execução de um plano de resgate e a transferência de Marcola para a Penitenciária Federal de Brasília. “A unidade em Brasília conta com uma muralha que reforça as cercanias da unidade e que nenhum outro presídio do país possui. Ela aguenta tiros de fuzil .50, choques de caminhão, caso o veículo seja jogado contra a proteção. Ainda há quatro torres blindadas usadas para vigilância. Acredito que é o presídio mais seguro do país”, observou.
A última remoção de Marcola para o presídio federal no DF, segundo o promotor, vai dificultar qualquer opção de resgate. Após a transferência, o ministro da Justiça, Flávio Dino, argumentou que “essa operação se fez necessária para garantir a segurança da sociedade”. O ex-ministro Justiça Anderson Torres, atualmente preso, havia determinado a saída de Marcola dos presídios da capital em março de 2022. Na ocasião, Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado do DF, tinha intercedido pela transferência.