Era por volta de 9h50 do dia 19 de janeiro de 2021 quando o voo com 49 mil doses da CoronaVac pousou na Base Aérea em Porto Velho. Esse foi o primeiro lote de vacinas contra Covid-19 que chegou em Rondônia. O estado foi o último do país a receber imunizantes.
Naquele 19 de janeiro o horário previsto para chegada das vacinas mudou pelo menos quatro vezes, aumentando a ansiedade dos que esperavam as doses de esperança. Inicialmente o primeiro lote chegaria às 4h, mas depois devido “imprevistos com a aeronave”, o horário foi alterado para 7h e mais uma vez atrasou, chegando apenas perto das 10h.
Minutos depois, ainda perto da pista de pouso, Karina Zingra, médica do Hospital de Campanha da capital, Márcio James enfermeiro do Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) e o indígena Elivar Karitiana foram as primeiras pessoas vacinadas contra a Covid em Rondônia. Dois anos depois esse número saltou para 1.325.384 pessoas vacinadas, com pelo menos a primeira dose, no estado.
O caminho das vacinas
Cada vez que um novo lote era enviado pelo Ministério da Saúde ao Governo de Rondônia, uma verdadeira força-tarefa era montada para garantir que as vacinas fossem distribuídas para as Regionais de Saúde espalhadas por Rondônia. Essas, por sua vez, agilizavam a chegada dos imunizantes aos pontos de vacinação do estado.
“Muitas vezes o Ministério da Saúde avisava em cima da hora porque na nossa Região Norte havia dificuldades de voos. Então na hora que eles avisavam ‘olha conseguimos um voo para vocês’, a gente já começava a organizar toda a logística, já ligava para o setor de transporte. A outra equipe já organizava todas as caixas térmicas, outra equipe já organizava a distribuição das doses para cada cidade”, lembra Ivo Barbosa, coordenador estadual de imunização.
Todo esse processo mudou as rotinas dos profissionais da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) e Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
“Às vezes as doses chegavam às 2h da manhã, 3h da manhã e vinha todo mundo receber, fazer a distribuição de acordo com o número de habitantes de cada regional. E cada regional tem vários municípios para atender também”, recorda a farmacêutica Annemarie Schossig.
“A ordem era de fazer chegar no braço da população. Então não tinha como ficar esperando amanhecer pra gente trabalhar, tinha que ser imediatamente”, diz Annemarie.
E tinha que ser imediatamente, pois Rondônia passava por um caos sanitário. A rede pública de saúde estava em colapso e a rede privada quase chegando a ele. Rondonienses precisaram ser transferidos para outros estados por causa da fila de espera por leitos de UTI. A tragédia avançava com rapidez e os espaços nos cemitérios quase se esgotaram.
Portanto, receber as doses, garantir o armazenamento correto e a distribuição das vacinas era sinônimo de salvar vidas.
“A vacinação da população fez com que os óbitos diminuíssem consideravelmente, a quantidade de contaminação também caiu e a vacina é uma grande conquista para a sociedade porque controlou a pandemia e nós ficamos felizes porque muitas vidas foram poupadas quando começou a vacinação no estado de Rondônia”, comenta Gilvander Gregório de Lima, diretor geral da Agevisa.
A queda em números
Rondônia registrou 635 mortes provocadas pela Covid-19 em 2022. Uma diminuição de mais de 87% se comparado com 2021, quando 4.888 rondonienses perderam a vida para a doença.
Com relação ao número de casos, foram confirmados 185.394 no ano passado. Isso representa uma diminuição de aproximadamente 0,9% em comparação com 2021 quando foram confirmados 187.173 casos.
As informações foram compiladas pelo g1 com base em boletins divulgados pelo Governo do Estado por meio das Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Superintendência Estadual de Tecnologia da Informação e Comunicação (Setic) e Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Segundo especialistas em saúde ouvidos pelo jornal, a vacina contra a doença foi a principal responsável por diminuir o número de mortes mesmo com tantos casos registrados.