O comandante Cardoso, que trabalha em Rondônia, foi um dos convidados do programa “Fala que Eu Te Escuto”, exibido na TV Record, nessa terça-feira (6). Por algum minutos, em cadeia nacional, ele avaliou a tragédia que envolveu o avião da empresa boliviana LaMia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación), pediu às empresas aéreas que não olhassem somente para o limite quando se trata de combustível e, ainda, fez um alerta importante sobre a aviação nacional.
Cardoso disse durante o programa que conhecia o piloto da empresa LaMia, Miguel Quiroga, que morreu juntamente com outras 70 pessoas durante acidente aéreo nas proximidades de Medellín, Colômbia, no dia 28 de novembro.
“Eu estive por duas vezes com ele [Miguel Quiroga] lá no Acre. Ele era uma pessoa sensacional, muito gente fina, infelizmente eu não sei o que foi que aconteceu, porque ele prezava pela segurança. Era um piloto experiente, muito experiente. Até agora estou chocado com o que aconteceu”, contou.
Em seguida, o comandante avaliou a atitude do piloto boliviano sobre a possível economia de combustível e acredita que Quiroga foi irresponsável em não avisar aos passageiros sobre o problema. Por fim, o piloto de Rondônia classificou tal atitude como “desleal”.
“Pela experiência dele, jamais deveria fazer um voo desses. A demora em reportar a Torre sobre o problema de combustível, isso aí até hoje eu fico em casa pensando, o que foi que aconteceu com o Miguel. Foi uma irresponsabilidade muito grande. Pela pessoa que conheci, não cabe, não entra na minha cabeça uma atitude tão desleal como essa. Sabendo do perigo que estava correndo, sabendo do perigo que aquelas pessoas estavam passando e mesmo assim não avisou”, disse.
Ele também enfatizou a necessidade de esperar o resultado do exame da caixa preta do avião Avro RJ85, tendo em vista que ela pode trazer muitos esclarecimentos.
“Eu acho que nós temos que esperar que a caixa preta venha ser examinada, porque eu tenho certeza que surpresas vão surgir delas. Eu tenho certeza disso. Eu tenho certeza que tem algo a mais ali”, enfatizou Cardoso.
Durante sua participação no programa que é ancorado por pastores e bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, Cardoso fez uma revelação preocupante sobre os bastidores da aviação brasileira. Segundo ele, muitos colegas se acham desconfortáveis trabalhando com menos combustível e que muitas empresas aéreas forçam a trabalhar com limite de combustível.
“Muitos colegas, constantemente, carregam menos combustível do que acha confortável. As empresas aéreas sempre estão olhando para os limites. Tenho certeza que os colegas iriam se sentir mais à vontade se pudessem colocar mais combustíveis em seus voos. E as empresas áreas, estão sempre olhando para os limites. Se você só carregasse o suficiente talvez fosse interessante, mas, você enfrenta tempestades ou atrasos pode ficar sem combustível. E se precisar ir a uma alternativa?”, denunciou.
Ele finalizou sua participação ao vivo apelando às empresas do ramo que sejam mais sensíveis e cumpram os requisitos básicos de segurança, como por exemplo, de ter combustível em abundância para os procedimentos de voo.
“Eu faço aqui um apelo às empresas, que não ponham somente aquele limite, aquele limite necessário. Por que ali estão vidas. Vidas que estão confiando, no piloto, comandante, e principalmente na empresa”, concluiu.
Por: Wanglésio Braga.