O que parecia apenas uma dor no rosto transformou-se, em poucos dias, em uma batalha devastadora pela vida. Lázaro Vinícius, de 16 anos, faleceu após passar 12 dias internado no Hospital Regional de Cacoal (RO) com sintomas desconhecidos. O diagnóstico, que só veio após sua morte, revelou um linfoma de Burkitt, um câncer raro e extremamente agressivo, que surpreendeu até os médicos pela velocidade com que evoluiu.
Natural de Rolim de Moura (RO), Lázaro era um adolescente alegre, saudável, sem histórico de doenças, e apaixonado por futebol, esporte que praticava desde os quatro anos de idade. Para sua irmã, Ingridy Mayara Prado, que mora nos Estados Unidos, Lázaro era um irmão dedicado, sensível e cheio de planos. “Ele me dizia que faria história. Na época, eu não entendia. Hoje entendo”, declarou, emocionada.
Tudo começou com um pequeno acidente de bicicleta. Lázaro machucou o lábio, e nos dias seguintes passou a sentir dores intensas no rosto. Inicialmente, a família suspeitou de uma inflamação dentária, mas exames descartaram essa possibilidade. Em pouco tempo, ele passou a sentir-se mais fraco, perdeu cerca de 10 quilos, e as dores se intensificaram.
Internado, Lázaro começou a tomar morfina para suportar o sofrimento, mas o alívio durava pouco. Mesmo com três biópsias realizadas e diversas transfusões de plaquetas, o quadro clínico seguia um rumo irreversível. Os médicos não conseguiam identificar a causa das dores e sangramentos. O adolescente começou a apresentar sintomas graves, como sangramentos pela gengiva, nariz e vômitos frequentes.
No dia 29 de março, Lázaro foi diagnosticado com sepse, uma infecção generalizada, e transferido às pressas para a UTI. Em estado crítico, sofreu uma parada cardíaca de 15 minutos, mas respondeu aos medicamentos. Já em coma induzido, perdeu parte dos dentes e, sem explicações médicas, teve seu corpo ainda mais debilitado.
Na noite do dia seguinte, uma nova parada cardíaca de 30 minutos marcou o fim de sua trajetória. Lázaro faleceu na madrugada do dia 31 de março, deixando familiares, amigos e profissionais de saúde em choque.
O laudo médico apontou, após a morte, o diagnóstico de linfoma de Burkitt — um câncer que atinge principalmente meninos entre 5 e 25 anos e se espalha com extrema rapidez. Segundo especialistas, é um dos tumores com a maior taxa de duplicação celular, sendo essencial que o tratamento comece imediatamente após o diagnóstico. No caso de Lázaro, o tempo foi cruel.
Apesar do fim trágico, Ingridy e a família preferem lembrar de tudo que ele viveu. “Ele teve 16 anos intensos, cheios de alegria. Era saudável, jogava bola, tinha sonhos, e deixou um pedacinho dele em cada pessoa que conheceu”, declarou a irmã.
O caso comoveu toda a comunidade de Rolim de Moura e serve de alerta para a importância do diagnóstico precoce, mesmo diante de sintomas aparentemente simples. Lázaro não apenas viveu com intensidade — ele, de fato, fez história.
Linfoma de Burkitt — Foto: Reprodução/Wülgner Farias
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