Um advogado de 30 anos procurou a polícia para denunciar um ataque homofóbico feito por um perfil no Instagram pertencente a Lauro Fernandes, que também é advogado e diretor técnico operacional da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd).
A vítima, Welington Franco Pereira, relatou ao jornal que tudo começou quando ele fez um desabafo nas redes sociais sobre a qualidade da água encanada fornecida à população de Porto Velho.
“Já tem quatro anos e meio e eu moro ali no São Cristóvão [bairro de Porto Velho] e a água da Caerd é muito suja. Já instalei um filtro, mas a cada 15 dias eu tenho que trocar. Fiz um vídeo em meu perfil no Instagram relatando o que acontece diariamente com minhas roupas brancas, devido a água suja. Fiz a troca do filtro e mostrei ele todo sujo”, relembra.
Depois da publicação, o advogado recebeu mensagens ofensivas através do Instagram. As mensagens foram apagadas, mas já tinham sido gravadas.
A vítima relata ainda que recebeu ligações em vídeos na conversa, onde uma pessoa não identificada, alega que foi ela e não o próprio Lauro que mandou as mensagens.
Lauro Fernandes informou que ele não foi o autor das ofensas a Welington Franco Pereira. Segundo ele, um colega que administra suas redes sociais enviou o ataque.
“Eu não acesso minhas redes sociais. Eu faço os vídeos e encaminho para esse colega fazer as postagens. Deixo claro aqui que não fui eu que direcionei aquelas palavras. Quem me conhece sabe que eu não sou capaz de fazer um negócio desses, mas mesmo assim eu venho aqui pedir desculpas ao colega”, disse.
Lauro também disse que já pediu para que o colega que administrava suas redes sociais se afastasse da função.
Feridas
Welington relata que o ataque desencadeou uma série de traumas, afetando diretamente sua vida pessoal e profissional.
“Quando eu era criança, adolescente, eu sofri muito com isso porque me chamavam de ‘bichinha, boiola, viadinho’. Quando eu recebi essa mensagem meu mundo desabou”.
Para ele, o ataque é mais grave ainda vindo de um colega de profissão: “Com isso você enxerga que por mais que a gente lute para que nos aceitem, o preconceito, o machismo, a homofobia estão em todos os setores”, disse.
Denúncia
Além de denunciar o caso na polícia, Welington pretende buscar medidas no Tribunal de Ética e na presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Rondônia (OAB-RO): “pedirei punições severas que o crime requer, porque o que ele fez é crime”.
A vítima também planeja solicitar que o Ministério Público abra um procedimento de apuração para investigar o suposto assessor que alega ser responsável pelas redes sociais do funcionário da Caerd.
“Se esse senhor que ligou também é funcionário público e estava fazendo isso no horário de trabalho, ele também deve ter as punições e ser responsabilizado por estar praticando crime no horário de trabalho”.
“Sou advogado e sempre militei por direitos. E agora que o meu foi violado, não iria me calar. Vou levantar mais uma vez essa bandeira”, finaliza.
A OAB-RO informou ao site que “repudia todo ato homofóbico e não compactua com atitudes que ampliem a violência contra pessoas LGBTQIA+”. Comunicou também que, na ocasião envolvendo os dois advogados, “recebida a denúncia, o caso deverá ser levado ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED), responsável por analisar os fatos e adotar as medidas cabíveis”.
A Caerd e o Governo de Rondônia também foram procurados para se pronunciar sobre o caso, mas não deram retorno até a última atualização desta matéria.