Após três dias tensos de resgate, chegou ao fim o drama dos 12 meninos e do treinador que estavam presos na caverna Tham Luang, ao Norte da Tailândia. O último a ser resgatado foi o técnico Ekkapol Chantawong, de 25 anos. A informação foi confirmada pela Marinha da Tailândia, por meio de uma mensagem no Facebook. Os trabalhos hoje começaram por volta das 10h (horário da Tailândia), pouco depois da meia-noite no horário de Brasília, já com a expectativa de encerrar a operação no mesmo dia, segundo Narongsak Osottanakorn, coordenador da célula de crise. Todos os sobreviventes ficarão internados em quarentena no hospital da província de Chiang Rai, que fica a cerca de 70 km da caverna, para avaliações médicas e cuidados com os jovens que apresentam doenças.
Os oito meninos – quatro resgatados no domingo e quatro na segunda-feira – estão em bom estado de saúde, afirmaram as autoridades, mas ao menos dois deles recebem medicamentos contra infecção pulmonar. “Os oito estão em bom estado, não têm febre”, disse à imprensa Jesada Chokedamrongsuk, secretário permanente do ministério da Saúde, no hospital Chiang Rai. Eles foram submetidos a exames de sangue e radiografias, e todos devem permanecer em observação constante no hospital durante uma semana ao menos.
Segundo o jornal The Guardian, os quatro primeiros resgatados no domingo (8/7), já conseguiram ver os pais hoje e outros quatro poderão ter a mesma oportunidade. No entanto, nada de abraços ou beijos: uma janela de vidro os separa de seus familiares ou a comunicação é feita por meio de telefone. Os nomes dos que já haviam sido resgatados não estavam sendo divulgados nem mesmo para os parentes. A atitude das autoridades era para preservar os pais das crianças que ainda não tinham sido retiradas da caverna, além de questões culturais.
Por terem ficado muitos dias em ambiente de escuridão, os meninos precisam usar óculos de sol dentro do hospital e, por conta desta condição delicada, ainda não podem assistir à televisão. O quadro de saúde deles inspira cuidados por conta dos vários dias presos na caverna úmida, com pouca água potável, jejum forçado, expostos ao frio e com níveis baixos de oxigênio. A dieta dos resgatados inclui apenas um mingau que tem arroz em sua composição, mas segundo jornais internacionais, alguns deles quiseram pão com chocolate, pedido que foi atendido pela equipe médica.
O resgate foi mais acelerado nesta terça-feira já que as equipes estavam mais acostumadas com o trajeto e percorreram a área mais rapidamente. O aumento das chuvas torrenciais, principalmente hoje, aumentou a pressão dos socorristas para retirar todas as pessoas do local com urgência. Além dos jovens e do treinador, um médico e três membros da Marinha tailandesa que estão com o grupo desde sua localização, na semana passada, também devem sair da caverna. Uma equipe de 90 mergulhadores, 50 estrangeiros e 40 tailandeses, participaram do resgate. Mais de 1000 pessoas fizeram parte das equipes.
Resgate complexo e repleto de perigo
O processo era bastante complexo e envolvia muitos perigos no percurso de ida e volta. Segundo a célula de crise, as galerias, que são de difícil acesso, estão completamente escuras e os socorristas se guiam apenas por lanternas e por cordas que foram fixadas no local para que eles não se perdessem. Há muitos trechos inundados, mesmo com o trabalho intenso de pessoas do lado de foram para drenar a água no interior da caverna.
Além da necessidade de passar por trechos estreitos, em relevo acidentado, os socorristas ainda tinham mais uma dificuldade para enfrentar: alguns dos jovens javalis não sabiam nadar. Todos precisaram que aprender, às pressas, técnicas de mergulho. O estado mental deles, que estavam em isolamento total por nove dias, também preocupava as equipes. O receio principal era de que eles ficassem nervosos nos momentos de mergulho, o que colocaria a vida de todos em risco.
Entre cada operação, os socorristas precisaram fazer pausas para abastecimento de cilindros na cavidade subterrânea e também para que os mergulhadores pudessem descansar.
O resgate dos meninos e do treinador fez com a internet fosse inundada por homenagens, com desejos de força aos javalis selvagens. Vários desenhos sobre o resgate repercutiram nas redes sociais, compartilhados com as hashtags #13Hope #ThaiCaveRescue e #ThailandCaveRescue.
A Marinha Tailandesa também fez uma homenagem ao ex-sargento da reserva Saman Kunan, de 38 anos, que morreu após perder a consciência por falta de ar, pouco depois de ter levado oxigênio e suprimentos aos 12 meninos e o treinador presos no interior de uma caverna na Tailândia. No perfil da corporação no Facebook foi publicada uma pintura do rosto do ex-sargento com uma frase que remetia ao “descanso do mártir da caverna”.
Perdidos por nove dias em caverna
Os 12 jovens e o treinador integram o time Moo Pa, os Javalis Selvagens. Em 23 de junho, após o treino, eles entraram na caverna Tham Luang, por motivos que ainda não foram esclarecidos, e ficaram presos após o local ficar inundado por conta das chuvas.
O drama é acompanhado com preocupação por toda a Tailândia. Preces são realizadas por milhares de pessoas no país desde que o grupo desapareceu. Na entrada da caverna, além dos familiares, centenas de jornalistas estrangeiros permanecem em vigília à espera de novidades. O comandante da junta militar que governa a Tailândia desde o golpe de Estado em 2014, general Prayut Chan-O-Cha, também visitou o local, na segunda-feira (9/7).
Os Javalis selvagens passaram nove dias presos na caverna até que dois mergulhadores britânicos conseguiram localizar o grupo, na segunda-feira da semana passada. Abatidos, com fome e frio, os jovens estavam em uma rocha a mais de quatro quilômetros da entrada da caverna.
A alegria de tê-los reencontrado logo foi substituída pela apreensão por conta do período de monções na Tailândia, que previam mais chuvas e a iminência de todo o local ficar inundado, além do nível reduzido de oxigênio na galeria em que o grupo encontrou refúgio. As equipes de resgate examinaram todas as soluções possíveis, desde a perfuração de túneis nas montanhas até a possibilidade, descartada, de aguardar por várias semanas pelo fim da temporada de precipitações.
Conheça os nomes dos Javalis selvagens
» Ekkapol Chantawong é o treinador, de 25 anos
» Chanin Wiboonroongrueng é o mais jovem de todos e tem 11 anos
» Duangpetch Promthep, 13 anos, é atacante e capitão do time
» Somphong Jaiwong, 13 anos, atua no meio-de-campo do time
» Mongkol Boonpium, 13 anos, entrou para o time há um ano
» Panumas Saengdee, 13 anos, é goleiro
» Pipat Phothai, 15 anos, não faz parte do time de futebol, mas havia se reunido com o grupo por causa de Ekkarat Wongsookchan
» Ekkarat Wongsookchan, 14 anos, é goleiro
» Adul Samon, 14 anos, é meio-campista no time
» Peerapat Sompiengjai, 16 anos , atua no meio-campo
» Prajak Sutham, 14 anos, é meio-campista e também atua como goleiro
» Nattawoot Thakamsai, 14 anos, não tem posição definida no time
» Phornchid Kamhttp://jornalrondonia1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2020/12/kj-1.jpgg, 16 anos, atua na defesa do time