Forças de segurança do Iraque mataram seis manifestantes em 24 horas, informaram fontes oficiais nesta quarta-feira (27). Desde o início das manifestações, em 1º de outubro, estima-se que ao menos 350 pessoas morreram em confrontos com a polícia — que tem usado munição letal na repressão aos atos.
As mortes nos protestos destas terça e quarta-feira ocorreram na capital, Bagdá, e na cidade de Karbala, considerada sagrada para a população xiita. Outras dezenas de pessoas ficaram feridas.
Segundo a agência Associated Press, um dos mortos em Karbala não resistiu aos ferimentos de uma bomba de gás lacrimogêneo que o atingiu em um protesto na manhã de terça-feira.
Em Bagdá, a violência nos protestos ocorreu horas depois de um ataque simultâneo com bomba em três localidades diferentes da capital, que deixou mortos e feridos. Acredita-se que os atentados não tenham relação com as manifestações que ocorrem no país.
Nesta manhã, um grupo bloqueou a estrada que liga Bagdá a Karbala e outras rotas importantes para o escoamento de petróleo cru, um dos motores da economia do Iraque — entretanto, segundo a AP, as barricadas não afetaram até o momento a produção petroleira.
Protestos no Iraque
Os manifestantes exigem empregos para os jovens — um em cada quatro está desempregado — e uma melhoria nas condições de vida de 20% da população que vive abaixo da linha da pobreza.
O governo propõe apenas reformas limitadas: uma nova lei eleitoral que patina no Parlamento e uma remodelação parcial do gabinete anunciada há semanas, mas que só serviria para se livrar de alguns sem mudar a face do poder, de acordo com especialistas.
O primeiro-ministro Adel Abdel-Mahdi disse que a prioridade agora era a votação do orçamento para 2020. Baseando-se quase inteiramente nas receitas do petróleo, esse orçamento é há anos o principal garantidor da paz social em um país devorado pelo clientelismo.
Mas com um terço do orçamento de US$ 111 bilhões em 2019 destinado aos salários dos funcionários públicos, os economistas dizem que o de 2020 deverá explodir, porque o governo anunciou milhares de contratações para tentar conter a contestação.