“Um gesto desesperado que diz muito sobre a nossa precariedade atual”, este foi o consenso entre os alunos que se reuniram na manhã desta terça-feira (12) em frente à sede do restaurante universitário em Lyon, onde um estudante ateou fogo no próprio corpo na sexta-feira, para se manifestar.
Eles estavam reunidos no local para apoiar o estudante de 22 anos que se imolou na sexta-feira (8) em frente ao restaurante da universidade e que ainda está entre a vida e a morte no hospital. Ele teve 90% do corpo queimado.
Passando por dificuldades financeiras – ele havia perdido a bolsa de estudos ao “triplicar” seu segundo ano na Universidade de Lyon 2 –, o jovem explicou seu gesto em uma mensagem lida nesta terça-feira por um outro estudante:
No comunicado, o estudante imolado dizia que, mesmo quando tinha direito à bolsa de estudos, ela não era suficiente. Sua bolsa era de € 450 (aproximadamente R$ 2.069).
Segundo o sindicato dos estudantes Solidários, que convocou manifestações em 40 cidades, esse gesto “extremo” ilustra uma situação de precariedade “comum”.
“Não estamos imunes a outras tentativas de suicídio”, disse um ativista, “exigimos uma posição pública do ministério”.
“São dificuldades que muitos estudantes têm”, diz Bastien Pereira Besteiro, professor da Universidade Lyon 2 e militante do sindicato Sul-Educação.
“As autoridades públicas devem assumir suas responsabilidades”, diz o professor, completando que a precariedade é comum entre seus alunos.
Catar lixo
Sophie, uma estudante de ciências sociais do terceiro ano, foi à manifestação com uma placa, onde disse que havia sido “banida do restaurante universitário porque estava hospitalizada”.
Ao meio-dia, a manifestação transbordou no campus da Universidade Lyon 2 e a Reitoria anunciou o fechamento administrativo de todos os edifícios “devido a um bloqueio em andamento e a atos de vandalismo”.