O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, apresentado nesta terça-feira (10), recomendou o indiciamento de 16 pessoas e empresas, incluindo as influenciadoras digitais Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra dos Santos. Ambas são acusadas de envolvimento com plataformas de apostas irregulares, supostamente utilizando sua influência nas redes sociais para induzir seguidores ao erro.
O documento, elaborado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relata indícios de propaganda enganosa, estelionato, lavagem de dinheiro e atuação com casas de apostas sem autorização legal. O texto descreve que as influenciadoras promoveram sites de jogos que operam sem regulação federal, com simulações de ganhos irreais e contratos que favoreciam diretamente as perdas financeiras dos seguidores.
Caso Virgínia Fonseca
Com mais de 52 milhões de seguidores, Virgínia admitiu em audiência que simulava vitórias falsas em jogos on-line para divulgar plataformas de apostas. Segundo a relatora, a influenciadora lucrou com contratos que garantiam porcentagens sobre os valores perdidos pelos usuários que jogavam por meio de seus links — prática apelidada de “cachê da desgraça alheia”.
“Esses vídeos induzem milhares de seguidores a acreditarem em ganhos fáceis e imediatos, quando na verdade tratam-se de jogos com algoritmos não auditáveis”, aponta o relatório.
Apesar de negar irregularidades, um dos contratos apresentados pela própria influenciadora confirma a existência de bônus baseados em perdas. Em uma das publicações, ela chegou a incentivar seguidores dizendo que bastava apostar R$ 20 para ganhar R$ 4 mil, o que levantou preocupações sobre possível manipulação e falta de transparência dos algoritmos utilizados.
Caso Deolane Bezerra
A também influenciadora Deolane Bezerra, com mais de 21 milhões de seguidores, foi apontada pela CPI como envolvida com uma empresa de apostas sem registro no Ministério da Fazenda. Segundo a relatora, a plataforma promovida por ela teria anunciado falsamente possuir autorização federal, o que, em tese, configura crime de estelionato.
Apesar de Deolane não constar atualmente no quadro societário da empresa investigada, a relatora afirma haver indícios de que “laranjas” foram usados para ocultar a ligação direta da influenciadora com a plataforma, o que pode caracterizar lavagem de dinheiro.
A defesa das influenciadoras ainda não se pronunciou até o fechamento desta matéria. A Agência Brasil informou ter solicitado posicionamento de ambas, mas aguarda retorno.
O relatório será agora avaliado pelas instâncias competentes, como o Ministério Público, que pode ou não acatar os pedidos de indiciamento da CPI.
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