A idade às vezes pode parecer um obstáculo para aprender coisas que as pessoas adquirem quando são mais novas, é o caso da leitura e da escrita. Mas para Justina Rojas Flores, uma mulher de 78 anos de Puebla, no México, isso não pareceu diminuir seu desejo de estudar, ou mesmo de ganhar um concurso literário estadual
Justina aprendeu a ler e escrever aos 63 anos, algo que foi motivada por seus professores, que a ajudaram nesse processo.
Ela disse que ia desistir porque tinha vergonha de ir às aulas, mas foi convencida por seus professores de que continuar seria a melhor opção. Justina diz que foi graças aos seus tutores que ela aprendeu. “Depois de dois anos, escrevi La Mazorca, que é [uma história] dedicada à comunidade de San Miguel Espejo”, completa ela.
Para Justina, aprender a ler era algo muito útil apesar da idade. Como ela mesma disse, em sua cidade era muito comum ver os idosos se recusarem a estudar. “Aqui dizem: ‘para que vou, se já vou morrer? Já estou velho’; Mas quando precisam preencher fichas de um procedimento, procuram alguém para ajudá-los e dizem ‘preenche você mesmo, porque eu não entendo nada’. Embora sejam convidados a fazer aulas, eles ficam entediados e não vão mais”, conta.
No entanto, esta não é a primeira abordagem de Justina para as letras. A primeira vez que começou a estudar para aprender a ler e a escrever foi aos 22 anos, em 1964. Nessa época, frequentou aulas em sua província local até a quarta série.
Mas, de acordo com o que disse, não aprendeu nada porque só sabia falar a língua náhuatl. “O professor falou conosco em espanhol, mas não o entendemos”, explicou.
Foi assim que, após quatro décadas, Justina se interessou por estudar novamente. Além disso, contou com o apoio do Instituto Estadual de Educação de Adultos da zona de San Miguel Espejo para participar num concurso de literatura onde escreveu “La Mazorca”, premiado em 2019.
“Se você não sabe ler e escrever, ou se conhece alguém assim, convido-o a ir aonde eles ensinam, para que quem sabe mais possa compartilhar conosco o seu saber”, acrescentou Justina, que com seu caso deixou claro que nunca é tarde para aprender.