A Polícia Federal (PF) sustenta que a Unick, empresa de investimentos com sede em São Leopoldo, deve cerca de R$ 12 bilhões a seus clientes. A informação consta no relatório parcial do inquérito da Operação Lamanai, concluído na quinta-feira (14), a que GaúchaZH teve acesso. O delegado Aldronei Pacheco Rodrigues, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF, indiciou 13 pessoas. A movimentação financeira contabilizada da empresa nos últimos anos chega a R$ 28 bilhões. Os bens e valores dos sócios da Unick estão bloqueados pela Justiça Federal. Conforme as investigações, há indícios de crimes de organização criminosa e contra o Sistema Financeiro Nacional.
Foram indicados Leidimar Bernardo Lopes, Danter Navar da Silva, Fernando Marques Lusvarghi, Paulo Sérgio Kroeff, Israel Nogueira e Souza, Sebastião Lucas da Silva Gil, Euler da Silva Machado, Fernando Baum Salomon, Caren Cristiane Greef de Oliveira, Ronaldo Luis Sembranelli, Marcos da Silva Kronhardt, Fabiano Alves da Silva e Ana Carolina de Oliveira Lopes. Entre os indiciados, estão os sócios da empresa e pessoas suspeitas de operar o esquema criminoso. A investigação segue.
Procurada por GaúchaZH, a defesa da Unick afirmou que “prefere não se manifestar nesse momento”. A reportagem ainda tenta a posição dos 13 indiciados.
A investigação
A Operação Lamanai, que teve apoio da Receita Federal, foi deflagrada em 17 de outubro e resultou na prisão de dez pessoas. Foram cumpridos na oportunidade 65 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul, Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Segundo a PF, a organização criminosa sediada em São Leopoldo atuava no mercado financeiro paralelo, sem autorização das autoridades competentes.
A promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses teria atraído um milhão de clientes para os negócios da Unick. Os pagamentos das aplicações podiam ser feitos por boleto, com investimento mínimo de R$ 99. Segundo a Polícia Federal, a empresa gaúcha teria, atualmente, 740 mil cadastros ativos em todo o Brasil. Entre 2017 e o começo deste ano, os retornos prometidos aos clientes foram cumpridos, conforme a PF.