Ser vítima de violência sexual deixa marcas para resto da vida de uma mulher. Além da violência física, vítimas também relatam o sofrimento com o julgamento da sociedade e com a vergonha por acharem que a culpa é delas.
“Desde quando começam as práticas de estupro, a criança que na época tinha 13 anos, apresentava constantes crises de ansiedade, se auto mutilava e já tinha cometido algumas tentativas de suicídio”, declarou Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), logo após a prisão do homem acusado de cometer os abusos sexuais contra as irmãs do Careiro Castanho.
Ainda segundo a delegada Joyce Coelho, as garotas oriundas de uma comunidade ribeirinha vieram para a cidade atrás de um sonho de estudar e tentar uma vida melhor, entretanto, tudo isso foi destruído pelo ato de um empresário cruel e sem escrúpulos com a vida das meninas.
Primeiro ato
Com a promessa de cuidar das meninas por ter certa estabilidade financeira, a primeira a chegar foi a adolescente mais velha, que na época tinha apenas 13 anos e logo começou a ser abusada. Um tempo depois, a irmã mais nova chegou e vivenciou a mesma situação, mas não suportou as ameaças e decidiu contar tudo para tia – mulher do empresário e, ao que tudo indica, sabia dos estupros e era conivente.
“Ela vinha sofrendo esses abusos há anos, calada todo esse tempo. Há cerca de uns anos a irmã mais nova, com 15 anos, veio para Manaus nesta condição de estudar, passou a ser violentada sexualmente também, mas com o tempo teve coragem de denunciar e chegou a gravar um dos assédios desse autor, que propiciou o começo das investigações”, explicou a delegada.
Além de estuprar, a polícia descobriu que o empresário ainda ameaçava as vítimas de morte com uma arma de fogo que foi encontrada e apreendida pela por agentes da Polícia Civil, dentro da casa.
Exploração e Tortura psicológica
A delegada revelou à imprensa que depois de um ano sendo estuprada, a sobrinha mais velha começou a se identificar como homossexual e quando o tio ficou sabendo, passou a estuprá-la ainda mais com o objetivo de corrigi-la.
“Esta adolescente sofreu o que nos chamamos de estupro corretivo. Aos 14 anos, ela relatou na sua fala, que ela começou a se descobrir homossexual e o estupro corretivo foi usado por ele como desculpa para que ela se consertasse, que isso não era normal, que os pais não iam aceitar e que ele iria ajudá-la. Isso também configura tortura psicológica”, afirmou.
A delegada diz ainda que além da exploração sexual, as meninas também eram exploradas como mão de obra, pois tinham que trabalhar nos comércios do estuprador, ganhando nada ou quase nada.
“Esse empresário tem alguns comércios e essas meninas acabavam trabalhando para ele por pequenos ou quase nenhuma quantia em dinheiro apenas para morar naquela residência, o que configura exploração de trabalho infantil”, ressalta.
Justiça
O homem foi preso e vai responder por estupro, porte ilegal de arma e por exploração de trabalho infantil. A esposa também deve ser ouvida nos próximos dias e se for comprovada que ela sabia e não fazia nada à respeito, ela também pode ter que responder pelo crime.
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