A vacina contra a Covid-19 de Oxford/AstraZeneca não aumenta o risco de um distúrbio raro de coagulação sanguínea após a segunda dose, mostra um estudo publicado na revista científica Lancet nesta quarta-feira.
A taxa estimada do distúrbio, chamado de trombose com síndrome de trombocitopenia (TTS), foi de 2,3 por milhão em pessoas que receberam uma segunda dose, segundo a pesquisa, liderada e financiada pela AstraZeneca. O número é comparável ao que é encontrado em uma população não vacinada. Mas a taxa após uma única dose foi maior, de 8,1 por milhão.
Foram analisados casos que ocorreram até 14 dias após a administração da primeira ou segunda dose, relatados até 30 de abril, usando o banco de dados de segurança global da farmacêutica anglo-sueca.
A vacina “desempenha um papel crítico no combate à pandemia”, disse Mene Pangalos, vice-presidente executivo de pesquisa e desenvolvimento de biofármacos da AstraZeneca, em comunicado. “Esses resultados apoiam a administração do esquema de duas doses”, a menos que o TTS seja identificado após a primeira dose, afirmou.
A vacina da AstraZeneca foi prejudicado por questões como atrasos na produção e possíveis ligações com alguns efeitos colaterais raros, mas graves, incluindo TTS, que estão sendo investigados pelos reguladores. O imunizante foi a principal aposta do governo Bolsonaro e é um dos utilizados no programa de vacinação contra a doença no Brasil.
As preocupações com a segurança levaram alguns reguladores na Europa a reservar o imunizante para adultos mais velhos e, em alguns casos, optaram por oferecer outra vacina como segunda dose.
O regulador de medicamentos da União Europeia encontrou uma possível ligação de casos de TTS com a vacina da AstraZeneca e com a de dose única da Johnson & Johnson. No entanto, afirma que os benefícios gerais de ambas superam quaisquer riscos possíveis.
Cientistas de Oxford e da AstraZeneca estão realizando pesquisas em estágio inicial para descobrir se a vacina pode ser modificada para prevenir os raros efeitos colaterais. A dupla, assim como a maioria dos outros fabricantes de vacinas contra Covid-19, também está pesquisando como os imunizantes podem ser alterados para combater as variantes do coronavírus.