Um policial militar foi preso por disparar contra uma pessoa no Riacho Fundo II na noite de segunda-feira. Na quinta-feira (19/12/2019), a Justiça decidiu manter a prisão do sargento da PMDF Adailton P., acusado de atirar contra um jovem desempregado de 21 anos em uma lanchonete.
Segundo testemunhas, o PM, o filho dele e uma terceira pessoa – ainda não identificada – teriam espancado o jovem após ele ter chamado o policial de “comédia”. Durante a briga, Adailton sacou uma arma de fogo e atirou duas vezes contra o rapaz.
Na audiência de custódia, a juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira considerou que a detenção do acusado “faz-se necessária para a garantia da ordem pública e da instrução processual”.
A magistrada levou em conta relatos de testemunhas de que, após o primeiro disparo, Adaílton teria corrido para se aproximar mais da vítima e atirado novamente, dessa vez, na perna. No momento dos tiros, os agressores e a vítima não estavam mais em luta corporal, conforme consta na ata da audiência.
Outro argumento usado para converter a prisão em flagrante em preventiva foram as suspeitas de que o policial estaria ameaçando testemunhas para que não relatassem os fatos, pois apenas um dos presentes se dispôs a ir até a delegacia para prestar depoimento.
O delegado responsável pelo caso, Renato Vieira Damasco, da 27ª DP (Recanto das Emas), ressaltou que “testemunhas foram ameaçadas por Adaílton e pelos policiais que atenderem a ocorrência para que não revelassem o que havia acontecido de fato”.
“Essas testemunhas foram localizadas por policiais civis que fizeram buscas perto da ocorrência. Muito amedrontadas, nenhuma queria falar. Uma delas chorou muito em seu depoimento”, diz trecho da ata de audiência.
Em seu relato, Adaílton afirmou pertencer ao mesmo batalhão dos policiais que atenderam a ocorrência e já ter sido superior deles. Ele omitiu a participação de seu filho e da terceira pessoa nas agressões.
O Metrópoles questionou a Polícia Militar sobre as medidas adotadas pela corporação para apurar o caso. Até a última atualização deste texto, a PMDF ainda não havia encaminhado resposta. O espaço permanece aberto.
Morte de médico
O caso ocorreu na semana em que investigadores da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) fizeram a reconstituição da morte do médico Luiz Augusto Rodrigues, 45 anos, na Entrequadra 314/315 Sul.
Os policias refizeram os últimos passos do endocrinologista e do amigo que o acompanhava na noite de 27 de novembro, quando Luiz Augusto foi baleado na cabeça por um policial militar. Foram cinco repetições da dinâmica do crime, e os trabalhos entraram madrugada adentro.
Na noite da morte, de acordo com informações da polícia, os militares viram dois homens em atitude suspeita. Eles estavam em frente ao Teatro dos Bancários, perto de uma caminhonete. Os homens eram Luiz Augusto e o policial reformado Ringri Pires, amigo da vítima.
Os policiais anunciaram a abordagem e, segundo os relatos da corporação, Ringri teria sacado uma arma e apontado para os PMs. Um soldado reagiu e fez um disparo que acertou o médico.
O tiro que atingiu Luiz Augusto saiu de uma carabina, da Imbel, calibre 5.56. O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou a morte no local. Segundo os socorristas, o homem foi atingido na cabeça. O soldado se apresentou na 1ª DP e, por isso, não foi preso em flagrante.
Por meio de nota na época do crime, a Polícia Militar afirmou que o tiro foi dado “diante do risco iminente”. Afirmou ainda que “os policiais não tiveram alternativa e efetuaram dois disparos, que atingiram um dos homens”.