A Polícia Federal de São Paulo deflagrou, na manhã de quinta-feira (31), uma operação internacional contra contrabando de migrantes e lavagem de dinheiro. Oito pessoas foram presas temporariamente. Agentes da polícia internacional cooperaram com a Polícia Federal e a agência norte-americana de imigração (U.S. Immigration and Customs Enforcement – ICE).
Além das prisões, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra, na Grande São Paulo e em Garibaldi, no Rio Grande do Sul.
De acordo com as investigações, os criminosos movimentaram no Brasil US$ 10 milhões entre 2014 e 2019.
A 10ª Vara Federal Criminal em São Paulo, especializada em lavagem de dinheiro, e a Justiça Federal do Acre determinaram o bloqueio de 42 contas bancárias usadas na prática dos crimes.
Investigações
Os inquéritos começaram em maio de 2018, quando houve a denúncia de que estrangeiros que vivem em São Paulo estavam liderando uma organização criminosa voltada à promoção de migração ilegal de pessoas para os Estados Unidos.
Além da cooperação da polícia internacional, houve ação controlada, interceptação telefônica e de e-mails, quebras dos sigilos bancário e fiscal, dentre outras medidas investigativas.
A polícia apurou que o grupo criminoso providenciava solicitações de refúgio ou o fornecimento de documentos de viagem falsos (passaportes, vistos e cartas de tripulantes marítimos) a migrantes ilegais vindos de países do Sul da Ásia: Afeganistão, Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão.
Com os documentos, os migrantes ilegais saíam de seus países com destino ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, iam para o Acre, atravessavam a fronteira com o Peru e seguiam até a fronteira do México com os Estados Unidos.
Maus-tratos e sequestros
Segundo as investigações, enquanto estavam em São Paulo, os migrantes sofriam maus-tratos, como cárcere privado, agressões físicas e psicológicas.
Oito pessoas foram sequestradas por cartéis de drogas mexicanos, na cidade de Nuevo Laredo, na fronteira do México com os Estados Unidos.
Os integrantes da organização criminosa devem responder pelos crimes de contrabando de migrantes, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações ainda não foram concluídas, e outros crimes podem ser descobertos.