Após uma fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a respeito do preço da gasolina, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse nesta 2ª feira (27.set) que quem deve cuidar do valor dos combustíveis é o Governo Federal, por meio dos ministérios de Minas e Energia, e Economia, e da Casa Civil. A Petrobras também falou que analisa internamente outros aumentos, pois vê uma defasagem nos preços.
À tarde, em discurso, Bolsonaro pontuou: “Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4? Ou menos? O dólar R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte. É uma realidade. E tem um ditado que diz: ‘Nada não está tão ruim que não possa piorar’. Nós não queremos isso”.
Silva e Luna abordou o tema, posteriormente, em entrevista coletiva. Segundo ele, “não há nenhuma mudança na política de preços, na política da Petrobras. Continuamos trabalhando da mesma forma como sempre trabalhamos”. Ainda de acordo com o executivo, “a Petrobras é responsável por parte da formação do preço, no caso da gasolina, como mostramos no vídeo, é cerca de R$ 2 por litro na bomba, as outras partes não são da Petrobras”.
Em outro momento da coletiva, afirmou: “Entendemos que isso aí [aumento de preços] está com o governo, mais particularmente na área do Ministério de Minas e Energia, na área do Ministério da Economia e na Casa Civil. São, dentro do governo, os três atores que poderiam contribuir com uma posição final sobre esse tema“.
‘Não faço milagres’
Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (27) que o preço do óleo diesel deverá subir no País em breve. Durante conversa com apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada, Bolsonaro tentou justificar o reajuste dizendo que não consegue “fazer milagre”.
“Pessoal está insatisfeito? Está. Inclusive estamos há três meses sem reajustar o diesel. Vai ter um reajuste daqui a pouco. Não vai demorar. Agora, não posso fazer milagre”, declarou.
Novos aumentos
A Petrobras está avaliando elevar preços de combustíveis em suas refinarias, disse o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, ao reconhecer que “pontualmente” os valores estão defasados ante o mercado internacional.
Mastella pontuou que, nos últimos meses, houve mudanças significativas no mercado internacional, mas que grande parte delas foi compensada por flutuações do câmbio no sentido contrário.
No entanto, uma redução de oferta de petróleo, especialmente nos Estados Unidos, e uma perspectiva de elevação da demanda internacional de energéticos tem puxado os valores para cima. “Em função disso, a gente está olhando com mais carinho, com cuidado, a possibilidade de reajuste sim”, disse Mastella.
“Pontualmente os preços estão sim defasados, em parte, de alguns derivados, o que significa que a gente está, sim, avaliando um ajuste dos preços. Essa avaliação é interna, técnica, depende de uma análise dos cenários… a gente não toma decisão baseada em como está instantaneamente a defasagem de preços, mas sim nessa defasagem e na expectativa de evolução dela ou de manutenção dela.”
O diretor ressaltou que há atores atualmente realizando importações ao Brasil, em uma sinalização de que os preços da Petrobras não estão “descolados” do mercado.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que haja uma defasagem de 14% no diesel e de 10% na gasolina, segundo dados de fechamento da sexta-feira.
O último ajuste realizado no preço do diesel pela Petrobras ocorreu em 6 de julho, enquanto na gasolina foi em 12 de agosto.
A coletiva foi convocada mais cedo nesta segunda-feira para prestar informações sobre os preços dos combustíveis e do gás de cozinha (GLP) e sobre o apoio suplementar que a Petrobras está prestando durante a crise energética.
Ao abrir a coletiva, Luna voltou a apresentar explicações sobre a atuação da companhia e defender que uma empresa mais saudável financeiramente consegue entregar mais resultados para a sociedade, além de pagar melhores dividendos aos acionistas, incluindo o seu controlador, a União.