Pai denuncia racismo em escola e diz que filha foi chamada de “cocô”

Menina também teve braço quebrado e foi alvo de cuspe, segundo ele. A instituição de ensino negou o episódio

Por Banda B

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Uma menina de 4 anos, filha de imigrantes haitianos e que vive com a família em Curitiba, teria sofrido atos de racismo dentro de uma instituição de ensino privada na capital.

O jornal conversou com o pai da criança, Reginald Elysse, nesta quinta-feira (14), sobre o caso. O Sesc Educação Infantil, que fica no Centro, nega as acusações, diz que jamais foi conivente com qualquer tipo de racismo. (ver nota abaixo)

Em um longo depoimento, com uma grande dose de desabafo, o pai afirmou que um colega da filha a chamou de “cocô”, além de ter cuspido no rosto, mais de uma vez, e quebrado o braço dela, e garantiu que os professores da escola foram condizentes com a situação: “Não fizeram nada”.

Esta afirmação também foi negada pela instituição em nota, que garante, inclusive, ter imagens que mostrariam que a criança caiu sozinha.

Segundo Reginald, desde os primeiros dias que a filha passou ir à escola, teve dificuldades. Inicialmente, segundo ele, começou com o colega a chamando de “cocô” e, em seguida, as agressões ficaram mais graves.

“Ela falava: ‘pai ninguém quer ficar comigo; ninguém quer brincar comigo; as pessoas me deixam de lado, sozinha’. Depois de uma semana, ela veio me dizer que um menino a chamou de cocô e que chegou a procurar as professoras para falar sobre o caso, mas ninguém lhe dava atenções”, iniciou.

O pai disse que está há 10 anos no Brasil e os ataques, segundo ele, aconteceram logo nos primeiros dois meses de aula, no início da vida letiva da filha.

As agressões, de acordo com o pai, aconteciam em diferentes situações da filha envolvendo sua rotina na escola. Na sala de aula ou durante um intervalo para uma refeição, a aluna sempre era alvo do colega com diferentes falas e/ou ações.

“Esses episódios me colocam em uma magoa profunda. Qual é o papel da educação”, questionou. “A escola tem o papel fundamental para socializar, instruir, para gerar a convivência social e uma cidade mais humana, onde todos são iguais”.

Escola esconde ataques, diz pai
Reginald afirmou que a instituição de ensino esconde os ataques visto que a mãe do menino citado como agressor, também trabalha na instituição.

“O Sesc esconde isso”, afirmou. “Uma criança de quatro anos fala sobre racismo e dá uma lição social à professora, mas ela não faz nada. Agora, minha filha tem medo. Quando falamos do Sesc, ela sente medo. Quanto tempo este trauma vai ficar? Ela não quer ir mais para lá. Estou muito triste”, disse Reginald.

Família quer que escola tome providências
Diante das situações, a família exige que a escola tome providências sobre o assunto.

“Quando a pessoa fala do Haiti, a pessoa tem um outro sentido dele: miséria, pobreza, mazelas. Porém, nós somos imigrantes e viemos em busca de uma vida melhor, não para competir com ninguém. Nós queremos viver. O Brasil nos dá o refúgio, nós amamos o Brasil. Ele nos dá o documento oficial para nós vivermos, somos legalizados. Eu como imigrante, negro e haitiano, preciso resistir para sobreviver. Respeitem nossos direitos”, finalizou.

Escola nega
A direção da escola enviou nota à Banda B negando as acusações:

“Em relação à alegada denúncia sobre supostos atos de racismo praticados por criança de 4 (quatro) anos no Sesc Educação Infantil de Curitiba, contra colega de classe, a Entidade esclarece que as afirmações do denunciante ao jornal, encaminhadas ao Sesc/PR, não são verdadeiras e nunca houve nenhum ato de preconceito ou discriminação dentro da Entidade.
Inicialmente, o Sesc/PR esclarece que nossa manifestação guardará respeito aos princípios da legalidade, do devido processo legal, da intimidade e privacidade das pessoas envolvidas, bem como as demais garantias constitucionais e as recentes normas previstas na Lei n.° 13.709/2018, que dispõe sobre a Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

O Sesc/PR é contrário à intolerância e assume o compromisso de apurar situações de preconceito, discriminação e assédio. Após as alegações dos pais denunciantes de que uma aluna, filha de 4 anos do mesmo, teria sido vítima de condutas racistas no ambiente escolar da Educação Infantil e mesmo de certa agressão, por um coleguinha, o Sesc/PR adotou internamente diversas medidas para averiguação da veracidade dos fatos, com toda ética, Transparência, isenção, profissionalismo, urbanidade e respeito que sempre imperou no ambiente da Entidade. Imagens do local, que estão preservadas, apontam que a aluna caiu sozinha.

Qualquer problema comportamental e inerente ao desenvolvimento socioeducacional das crianças que estudam na Educação Infantil do Sesc/PR são tratados com as Pedagogas e a Entidade não é conivente, jamais, com comportamentos inadequados, adotando as medidas possíveis para promover o convívio social e harmonioso.

O Sesc/PR sempre pauta todas as suas atividades institucionais por princípios éticos e humanitários elevados e nunca admitiu qualquer forma de racismo ou preconceito, pelo que rechaça todas as alegações de fatos racistas em seu ambiente escolar, bem como de omissão na apuração de fatos, tendo sempre primado por um meio ambiente hígido e saudável, para que possa cumprir sua missão legal de contribuir para o bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos trabalhadores.do comércio e suas famílias.

Sendo o que se apresenta para o momento, renovamos os votos de elevada estima
e consideração e permanecemos à disposição para eventuais esclarecimentos”, diz a nota.

Fonte: Banda B

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