O Ministério Público do Rio de Janeiro aponta que a deputada federal Flordelis é suspeita de fraudar uma carta em que um de seus filhos confessa ter matado o pai, o deputado Anderson do Carmo. A informação foi divulgada pelo Jornal O Globo e confirmada pela TV Globo.
Nesta quinta-feira (31), foram ouvidas, até as 20h, 22 testemunhas de acusação no processo em que dois filhos da deputada Flordelis, Lucas dos Santos e Flávio dos Santos, são réus.
A audiência foi a primeira do caso, quatro meses e meio após o crime.
Wagner Andrade Pimenta, mais conhecido como Mizael, filho afetivo da deputada e uma das 22 testemunhas de acusação, pediu para aguardar em local isolado até que fosse chamado à sala de depoimentos nesta quinta-feira.
“Estou em busca da justiça. Hoje eu estou aqui por isso, creio que a verdade vai aparecer. Estão tentando jogar sobre mim uma culpa de um assassinato que não é verdade, que não fui eu, é uma farsa, e vai aparecer o verdadeiro mandante”, declarou Mizael.
O advogado dele, Reinaldo Pereira dos Santos, disse que a medida era necessária para preservar a integridade física de Mizael, acusado de participação no assassinato em uma carta supostamente escrita pelo réu Lucas dos Santos de Souza.
A parlamentar, em entrevista, já havia explicado que recebeu a carta das mãos da mulher de um preso. Na correspondência, ainda de acordo com o advogado, Lucas revela que Mizael teria oferecido a ele um emprego e um carro em troca de um “susto” na vítima, o pastor Anderson do Carmo.
“A partir da divulgação dessa carta, que supostamente atribui a participação dele como mentor intelectual desse crime, achamos por bem acompanhá-lo para que se faça valer a justiça. E, principalmente, para que as provas que efetivamente constam do inquérito sejam validadas, até porque a autoridade policial já tem um entendimento relacionado à veracidade dessa carta supostamente escrita pelo réu Lucas. É basicamente não deixar que ele sofra alguma sanção ou corra o risco de ser indiciado”, disse Reinaldo dos Santos.
A deputada informou, via assessoria de imprensa, que não irá se pronunciar sobre questões relativas à investigação.
Sobre a declaração do filho Mizael, a deputada Flordelis diz que ainda não ouviu o que ele disse.
O advogado de Lucas, diz que aguarda a produção de provas e que irá apresentar outros esclarecimentos em breve.
“Por enquanto, nós estamos esperando a produção das provas, e, em cima da produção das provas, nós vamos nos posicionar. Em cima da prova produzida, nós vamos apresentar pra vocês, em primeira mão, como é que vai ser feito esse trabalho, se realmente houve, se não houve, quem praticou, de que forma praticou”, afirmou o advogado de Lucas, Marcelo Branco.
Pastor foi morto a tiros dentro de casa
Anderson do Carmo é marido da deputada federal Flordelis (PSD). Os filhos do casal são réus no processo e os únicos suspeitos de envolvimento no crime presos até então. O julgamento deles ainda não tem data para acontecer.
Os dois são acusados de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), com pena prevista de 12 a 30 anos.
Entre as testemunhas que foram ouvidas nesta quinta-feira, estão parentes do casal. A deputada Flordelis também deve ser ouvida como testemunha, mas poderá usar a prerrogativa que possui como parlamentar para depor em Brasília. O depoimento dela ainda não tem data marcada.
A Justiça mandou colocar em celas separadas os dois filhos presos acusados de matar o pastor Anderson do Carmo.
A decisão foi tomada no fim de setembro pela juíza da 3ª Vara Criminal de Niterói para garantir a instrução criminal e integridade física de Lucas dos Santos, que alegava estar sendo coagido pelo irmão.
Em depoimento, Lucas disse à polícia que estava sendo coagido por Flávio dos Santos a mudar a versão do crime. Ambos estão presos na Penitenciária Bandeira Estampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, e nesta sexta-feira já estavam em celas separadas.