As polícias do RJ fazem, desde as primeiras horas desta sexta-feira (4), um cerco ao Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, onde nesta quinta (3) traficantes de facções rivais travaram intensos tiroteios.
Até as 8h40, dois homens haviam sido detidos.
Segundo a PM, no fim da tarde de quinta criminosos do Comando Vermelho, facção que domina o Chapadão, invadiram a Pedreira e a tomaram do Terceiro Comando Puro.
A guerra apavorou moradores de Costa Barros e afetou linhas de trem e do metrô. Sete ônibus foram queimados.
Houve relatos de mortes, ainda não confirmadas pelas autoridades. A polícia trabalha com a hipótese de o tráfico ter sumido com os corpos e vai esperar o registro de desaparecidos.
O que se sabe até agora
- Sete ônibus foram incendiados na Avenida Pastor Martin Luther King Jr – as carcaças estavam no mesmo lugar até as 8h45 desta sexta. A viação responsável dizia aguardar a perícia para removê-las.
- Estações do Metrô e da Supervia foram fechadas; às 6h30, a circulação era normal.
- Há registro de um ferido, um soldado do Exército.
“A corporação já tinha dados de inteligência que mostravam uma instabilidade naquele local, com possibilidade de invasão”, explicou o tenente-coronel Mauro Fliess, relações-públicas da PM.
“Já tínhamos um planejamento próprio, que foi ativado tão logo que se deflagrou a instabilidade, com o cerco”, declarou.
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), grupo de elite da Polícia Civil, ocupou as localidades da Quitanda e da Lagartixa. Já o Batalhão de Operações Especiais (Bope) programou uma incursão na Pedreira. Demais batalhões de área ajudavam no perímetro.
Pedreira enfraquecida
A polícia diz que o tráfico na Pedreira ficou instável depois da prisão do traficante Raro. O segundo na linha de comando do TCP na comunidade teria abandonado a facção, o que teria facilitado o caminho para a invasão.
O ataque aos ônibus seria uma tática do Comando Vermelho para impedir a chegada de reforços do TCP por Acari.
A Polícia Civil vai falar com moradores e tentar identificar quem invadiu o morro.
Metrô, UPA e delegacia serviram de abrigo
A invasão, no fim da tarde, pegou de surpresa quem voltava para casa.
No metrô, a Estação Engenheiro Rubens Paiva fechou as portas duas vezes: das 18h40 às 18h45 e das 19h25 às 20h. Sem poder sair por causa dos tiros, os passageiros se abrigaram no chão.
A UPA de Costa Barros também serviu de refúgio. Um funcionário do posto mandou um áudio para os colegas pedindo que eles não fossem trabalhar.
“Bala tá cantando aqui em frente. Tem bandido pra tudo quanto é lado aqui na porta da UPA. Quem tiver que vir trabalhar agora à noite desiste. Nem tenta entrar. Tá tudo cercado”, alertou.
Outro dos poucos lugares seguros era a Delegacia da Pavuna (39ª DP). Um vídeo mostra quando pessoas entram correndo na unidade e, mais distante, um homem tira uma criança de um carro.