O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 teve abstenção recorde de 51,5% dos inscritos.
Quem fez o exame no 1º dia, sobre linguagens, ciências humanas e redação, encontrou perguntas sobre desigualdade salarial entre Neymar e Marta, escravização de chineses e uma proposta de redação sobre o estigma da saúde mental.
O Enem 2020 está sendo aplicado em janeiro de 2021 após ter sido adiado devido à pandemia do coronavírus. Originalmente, a prova estava prevista para ocorrer em novembro.
Para o ministro da Educação, Milton Ribeiro, a realização do Enem 2020 “foi um sucesso”, mesmo a primeira prova sendo aplicada neste domingo (17) em meio à alta de casos de coronavírus em 13 estados do país, suspensão da prova no Amazonas, estudantes barrados em salas por diversos motivos.
“No meio de uma crise, mobilizar milhões de pessoas, para mim foi um sucesso”, afirmou Milton Ribeiro. “Eventualmente, se nós disséssemos que não teria Enem neste ano, para mim, seria um insucesso, uma derrota da educação brasileira”, afirmou.
Embora o Inep, responsável pelo exame, tenha assegurado que seguiria protocolos de segurança para fazer a prova em plena pandemia, houve candidatos barrados na porta da sala de prova porque os locais já estavam com a lotação acima do que estabelecia o protocolo contra a Covid.
Casos assim foram registrados no PR, RS, SC e SP. Os candidatos reclamaram que não receberam comprovantes ou qualquer documento após serem informados que teriam que fazer a reaplicação.
Em visita a um local de prova em Goiânia (GO), Milton Ribeiro admitiu que houve dificuldades na aplicação deste domingo. “Claro que, no meio dessa pandemia, houve alguns ruídos, dificuldades, que vão ser averiguados”, afirmou.
O Enem 2020 foi antecedido por disputas judiciais que tentaram barrar a aplicação do exame, sob o argumento de que o deslocamento dos inscritos e a permanência em salas de aula por mais de 5h de prova poderiam agravar ainda mais a pandemia. O pedido nacional não foi acatado pela Justiça, que aceitou os argumentos do Inep, de que estaria seguindo os protocolos de saúde.
Os candidatos que participaram das provas tiveram que responder questões sobre escravização de chineses, Insurreição Pernambucana, independência dos Estados Unidos, Revolução Francesa e reformas macroeconômicas no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Também houve perguntas sobre desigualdade de gênero, como uma que abordava a diferença salarial entre os jogadores de futebol Neymar e Marta.
Apesar do adiamento para janeiro, a pandemia seguiu com alta de casos no Brasil. Em 58 cidades (56 do Amazonas e duas de Rondônia), as provas foram suspensas para tentar conter a alta na transmissão de coronavírus.
Dos 5.687.397 inscritos na versão impressa do Enem 2020, 163.170 deixam de fazer o exame: 159.338 no Amazonas (56 municípios), 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D’Oeste (RO).
Mais de 8 mil alunos em todo o país também não compareceram à prova por apresentarem sintomas de doenças infectocontagiosas. Nesta edição, o Inep permitiu que os candidatos apresentassem laudos médios comprovando o estado de saúde para fazerem a prova em outra data, prevista para 23 e 24 de janeiro.
Os pedidos foram apresentados na Página do Participante. O balanço do governo aponta que 10.171 pessoas pediram para participar da reaplicação por estarem doentes. Foram aceitos 8.180 e negados 1.991 pedidos.
Caso o sintoma ocorra nesta semana, o candidato poderá encaminhar o laudo médio a partir desta segunda-feira (17), segundo informação do Inep prestada durante entrevista coletiva sobre os balanços do Enem 2020. Em comunicado oficial, o instituto afirma que receberá pedidos entre 25 e 29 de janeiro. Após esta data, não será possível organizar a logística para a reaplicação, prevista para 23 e 24 de fevereiro.
A segunda prova está marcada para o próximo domingo (24) com questões sobre ciências da natureza e matemática.