Em estudo inédito, USP identifica proteína do organismo associada a casos graves de Covid-19

Um estudo inédito coordenado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), apontou que o ...

Por G1

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Um estudo inédito coordenado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), apontou que o agravamento no quadro clínico de pacientes com Covid-19 está ligado ao grau de ativação dos inflamassomos no organismo.

De acordo com os pesquisadores, tais proteínas atuam como soldados, desencadeando uma inflamação controlada para proteger os órgãos e, ao mesmo tempo, combater os elementos invasores.

Nos pacientes com coronavírus, esse sistema de defesa ficou desorganizado, o que contribuiu para o agravamento da doença.

Segundo a USP de Ribeirão Preto, os inflassomos ativados combatem infecções no organismo, mas podem danificar tecidos se processo muito grave — Foto: Arte/EPTV

Segundo a USP de Ribeirão Preto, os inflassomos ativados combatem infecções no organismo, mas podem danificar tecidos se processo muito grave — Foto: Arte/EPTV

Ao longo de oito meses, mais de 40 cientistas focaram os estudos em um grupo de 128 voluntários infectados pelo Sars-Cov-2, vírus que causa a Covid-19. Naqueles que apresentavam sintomas mais graves da doença, foi identificado um processo inflamatório fora do comum.

Coordenador do estudo, Dario Zamboni, que é professor do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos e do Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid), diz que ao serem ativados, os inflassomos promovem o controle das infecções. Caso o processo seja extremo, o organismo produz uma resposta exagerada, podendo lesar tecidos e piorar o quadro.

“Fazendo uma analogia seria como se nosso corpo fosse uma casa e essas proteínas são o fogo. A gente precisa do fogo, a gente usa para cozinhar, para acender uma vela, para fazer um churrasco. Mas, ao mesmo tempo, se ela está superativada, descontrolada, pode incendiar a casa inteira e sair do controle. Então, as proteínas que fazem a defesa do nosso corpo, têm que ser muito controladas. Esse vírus, o coronavírus, Sars-Cov-2, ele ativa demais essas proteínas e elas podem piorar o quadro clínico”, afirma Zamboni.

 

O coordenador do estudo da USP de Ribeirão Preto, SP, Dario Zamboni — Foto: Valdinei Malaguti/EPTV

O coordenador do estudo da USP de Ribeirão Preto, SP, Dario Zamboni — Foto: Valdinei Malaguti/EPTV

Diante das informações obtidas em laboratório, os pesquisadores identificaram que é possível aumentar a chance de sobrevivência de pacientes em estado grave com Covid-19.

Em estudos preliminares, eles perceberam que o uso de um medicamento específico diminui o tempo de internação, tanto em leitos de enfermaria, quanto em de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto — Foto: Antônio Luiz/EPTV

Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto — Foto: Antônio Luiz/EPTV

Durante a pesquisa, a média de dias de internação de pacientes no centro intensivo, que precisavam de respiradores, caiu de sete para três dias. O nome do remédio, que pode ajudar a salvar vidas, ainda é mantido em sigilo.

“Cada quadro clínico é diferente. Muitas pessoas têm uma doença muito leve, né? Nesse caso, é melhor não tomar esses medicamentos, porque essas proteínas podem até estar contribuindo para o controle da doença. Em alguns casos mais graves, aí, sim, seria importante usar o medicamento.”

Os resultados obtidos em Ribeirão Preto foram publicados em novembro deste ano no Journal of Experimental Medicine, um dos mais importantes jornais médicos científicos do mundo, e chamou a atenção da comunidade internacional, porque abriu um novo horizonte para tratamentos mais eficazes contra a Covid-19.

Fonte: G1

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