Codajás – Uma doença de causas desconhecidas tem assustado moradores de Codajás a (240 quilômetros distante de Manaus). Em menos de três meses, três crianças apresentaram sintomas de tontura, visão turva, vômito e sangramentos pela boca e nariz, respectivamente. Das três crianças hospitalizadas, duas morreram.
Os familiares e amigos próximo às vítimas cobram respostas dos órgãos públicos sobre a moléstia que estaria afetando crianças na cidade do interior do Amazonas.
Casos
Segundo a autônoma Raiandria Araújo da Silva, de 28 anos, mãe de Ícaro Gabriel da Silva, de oito meses, no dia 20 de setembro deste ano, o filho apresentou os sintomas. Ela conta que levou o bebê ao Hospital Estadual João da Silva Bastos, em Codajás, onde o menino foi internado, porém morreu na unidade. “Ele apresentou fraqueza, parecia querer desmaiar. Fomos ao hospital e o medicaram com soro. O Gabriel acabou tendo uma parada cardíaca, porém conseguiu resistir e estabilizou. Fiquei à noite toda ao lado dele. Pela madrugada do dia seguinte, ele ainda se mexeu um pouco, mas não abriu o olho e quando percebi ele já havia morrido”, lembrou Raiandria.
A mãe comenta ainda que os médicos alegaram que Ícaro tinha meningite, porém não puderam afirmar com certeza. “Não tinha como ser meningite, meu filho estava com o cartão de vacina em dia. Fizeram exames nele e não nos deram nenhuma resposta. Estamos desesperados porque ninguém quis falar”, confessou a mãe.
Após vinte e cinco dias do ocorrido, sintomas semelhantes ao de Ícaro apareceram no primo dele de cinco anos de idade. Ryan da Silva Silveira começou a demonstrar tontura e visão turva, além de alterações no paladar. A doméstica e mãe da criança, Rayane Araújo da Silva, de 33 anos, comenta que o levaram para o hospital em Manaus, onde foi medicado e, após a liberação, retornaram a Codajás.
“No dia 15 de outubro notamos que ele não quis tomar refrigerante, umas das bebidas favoritas dele, pois sentia um gosto amargo na boca. Após alguns minutos, ele se queixava de dor no peito e falou para mim que estava se sentindo tonto. Nós fomos para o Hospital da Criança, na Zona Oeste de Manaus, onde ele passou pela triagem, porém não chegou a fazer exame de meningite, pois os médicos descartaram essa possibilidade. Então, foi medicado e liberado dois dias depois”, comentou Rayane.
A mãe de Ryan conta que, depois de quase um mês, na última segunda-feira (25), Ryan apresentou os mesmos sintomas, porém de forma mais intensa. Os pais tentaram o mais rápido possível se dirigir para a capital amazonense, porém, após convulsões e vômitos com sangue, Ryan não resistiu e morreu dentro de uma lancha.
Na mesma semana, Rayane percebeu que a outra filha,Maria Luiza da Silva Silveira, de três anos, começou a apresentar os mesmos sintomas que o irmão e o primo. Preocupada com o pior, Maria Luiza foi atendida na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado para realizar os devidos exames e encaminhada para internação no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) João Lúcio Pereira Machado.
“Estamos com medo. Queremos respostas. Nós damos entrada em um hospital, onde quase não há médicos, e os poucos que têm não sabem nos responder sobre a doença que está afetando nossas crianças. Em Codajás, por exemplo, para uma pessoa ser entubada tem que pedir autorização da prefeitura. Se a pessoa tiver que morrer, morre ali mesmo”, declarou Raiandra.
Tensão no município
Nas redes sociais, moradores do município especulam se há algum surto de vírus ou bactéria na região. Em muitas publicações na internet, há cobrança de medidas dos órgãos públicos por conta do temor sobre a doença, que acham que pode ser contagiosa.
Nota das Secretárias de Saúde
A coordenadora de Atenção Básica de Codajás, enfermeira Marly Gonçalves, emitiu, na noite dessa quinta-feira (28), um informativo com as medidas tomadas desde a morte de Ryan.