Comemorado nesta quinta-feira (13), o Dia Internacional do Beijo homenageia uma das formas mais significativas de demonstrar afeto e carinho. “Expressão de afeto fundamental para fortalecer e manter os laços”, segundo a Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional, o beijo na boca libera testosterona, principal hormônio responsável pela libido e pela atração sexual. Por isso, os especialistas sugerem que, neste dia, deve-se beijar bastante.
Membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH), a pedagoga Claudia Petry disse à Agência Brasil que o beijo pode formar um vínculo afetivo a partir da proximidade e da interação de duas pessoas. “Pode ser aquele beijo que arrepia e leva para uma resposta sexual, que entra no processo da excitação. Se a gente pensar em uma questão mais ampla, não só voltada para a sexualidade, o beijo vai fortalecer o sistema imunológico, causar bem-estar, uma sensação de relaxamento.”
O beijo reduz a ansiedade e proporciona uma série de benefícios importantes para a saúde, sejam físicos ou emocionais, afirmou Claudia Petry, que é também especialista em educação para a sexualidade, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Claudia destacou que o beijo na boca entre um casal aumenta a libido na relação sexual, tanto no homem como na mulher.
“Se o casal costuma se beijar com frequência, a relação íntima se torna muito mais prazerosa. Já a ausência ou escassez de beijos é um fator altamente relacionado à falta de orgasmo nas mulheres, à disfunção erétil e, consequentemente, à insatisfação sexual do casal”, disse a pedagoga.
Ela acentuou, por outro lado, que a excitação durante um beijo provoca uma vasodilatação no corpo todo. Com a abertura dos vasos, a aceleração da frequência cardíaca de 70 a 140 pulsações por minuto, contribui para o aumento da quantidade de sangue levada aos tecidos. “Essa intensificação da circulação nutre as células, tonifica a pele e até ameniza dores no corpo, como enxaqueca e dor de cabeça”, afirmou Claudia Petry.
Hormônios
Estudo publicado no Annual Meeting of the American Association for the Advancement of Science (AAAS) comprovou que o beijo estimula a liberação de hormônios neurotransmissores, como dopamina e serotonina, responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Na avaliação da psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C,, “quanto mais apaixonado for o beijo, mais hormônios são liberados”.
Além disso, esses neurotransmissores inibem o cortisol, hormônio ativado em momentos de estresse e que causa diversos malefícios ao organismo. A psicóloga ressaltou, porém, que, independentemente do tipo de beijo, o ato é prazeroso em qualquer relacionamento afetivo.
Uma pesquisa da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, analisou os benefícios do beijo e concluiu que ele melhora o sistema imunológico, ajuda a combater o estresse e, em alguns casos, pode contribuir também com o sistema nervoso parassimpático, mecanismo que o corpo assume quando as pessoas se sentem confortáveis e relaxadas.
Monica Machado destacou ainda que um “bom beijo” aumenta a produção de ocitocina, conhecido como o hormônio do amor e do afeto, e da vasopressina, hormônio cuja ação está associada ao fortalecimento de vínculos afetivos. Todos esses elementos juntos geram sentimentos de conquista, de sedução, desejo e realização, elevando a autoestima e a autoconfiança. Essas condições, segundo a psicóloga, são fundamentais para avaliar as situações de forma clara, ter expectativas reais e manter a mente livre de julgamentos desnecessários.
Celebração
De acordo com o psiquiatra Jorge Jaber, membro das associações Europeia e Americana de Psiquiatria, o beijo é a manifestação máxima de amor. “Seja ele sensual ou não”. Uma das demonstrações de afeto mais conhecidas e difundidas no mundo, este gesto também pode ocorrer entre amigos, de pais para filhos, como prova de carinho. O psiquiatra confirmou à Agência Brasil que diversos neurotransmissores são despertados pelo ato de beijar, como a dopamina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar, e a serotonina, que promove excitação e otimismo.
“O beijo é uma clara evolução na quebra de conceito restritivo de manifestação afetiva. Em tempos passados, com predominância romântica, esse ato representava o momento máximo de amor ou sexo afetivo, praticamente selando um compromisso”. Jaber acentuou que, atualmente, o beijo se tornou um ato usual, sem maiores compromissos e, também, um gesto comum em outras relações, como entre parentes, pais e filhos, amigos, sem qualquer conotação sexual. “De qualquer forma, como um dos gestos mais proibidos durante os últimos anos, por conta da pandemia da covid-19, o beijo agora merece e deve ser muito celebrado”, indicou o psiquiatra.
Cuidados
O cirurgião-dentista Matheus Duarte destacou a importância do Dia do Beijo especialmente para os “beijoqueiros”. “Beijar é muito bom e se deve beijar”, recomendou. No entanto, disse à Agência Brasil que sempre alerta seus pacientes que, antes do ato de beijar, devem cuidar de si próprios, procedendo a uma boa higienização, a um bom cuidado oral, com escovação e uso diário do fio dental. Matheus Duarte confirmou que o beijo é uma demonstração de amor, mas pode acarretar alguns problemas, caso a saúde bucal não esteja em dia.
Para beijar de forma segura, indicou que a pessoa deve observar se o parceiro ou parceira tem algum sintoma de coriza, febre ou aparência de gripe, se tem alguma lesão no lábio ou próximo ao lábio. “É muito importante estarmos atentos a isso”. Advertiu ainda para as doenças que podem ser transmitidas pela saliva, entre as quais herpes simples, sífilis, gonorreia, HPV, covid-19. “Quando a gente tem essa ausência de cuidados, acaba causando danos ao equilíbrio da flora e da cavidade bucal”. Ele admitiu que bactérias existem na nossa boca.
“É comum. Só que o desequilíbrio da quantidade dessas bactérias é que começa a gerar problemas, principalmente na gengiva”. Duarte destacou também para o aparecimento de problemas, inclusive coronários. “Porque a bactéria que passa pela boca e pela corrente sanguínea pode percorrer todo o corpo. Patologias do coração podem aparecer devido a um problema surgido na boca”, alertou.
Além da troca de carinho e afeto, o beijo também é porta de transmissão de doenças, mas que podem ser evitadas através de visitas frequentes ao dentista e de uma boa higienização bucal, sugeriu o cirurgião-dentista.