O corpo de um homem de 45 anos, morto no sábado (20/3) em decorrência do novo coronavírus, apodrece em um dos corredores do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Imagens gravadas cerca de 24 horas após o óbito mostram o cadáver vertendo secreções através dos lençóis que o embrulham. Agentes funerários se recusaram a recolher o cadáver sem que sejam adotadas as medidas sanitárias estipuladas em protocolo.
De acordo com fontes ouvidas pelo Metrópoles, a vítima pesava 208kg e sofria de obesidade, o que impediu que coubesse em um saco de remoção de tamanho comum. Quando as gravações foram feita, moscas pousavam sobre o corpo, que já exalava forte cheiro de putrefação. A identidade da vítima não será revelada em respeito ao paciente e seus familiares.
Segundo uma fonte ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar, o descaso com o corpo passa por cima de todas as exigências previstas pelo Protocolo de Manuseio de Cadáveres e Prevenção para Doenças Infecto Contagiosas do Governo do Distrito Federal. “Para a transferência ao necrotério, o cadáver deve ser colocado em uma bolsa sanitária biodegradável e impermeável”, disse a fonte. E isso não foi feito.
Regras são rígidas
Conforme o protocolo, os sacos de remoção devem atender a características técnicas sanitárias de resistência à pressão dos gases internos, estanqueidade e impermeabilidade. A introdução na bolsa deve ser feita dentro da própria sala de isolamento, pelo servidor da unidade hospitalar. Uma vez fechada, a bolsa não poderá mais ser aberta.
Após a morte de um agente funerário, vítima da Covid-19, a categoria realizou protesto na manhã desse sábado (20/3). Conforme noticiado pelo Metrópoles, a Associação das Funerárias do Distrito Federal (Asfun-DF) denunciou falta de cuidados sanitários na separação de corpos de mortos pela Covid-19.
De acordo com a entidade, existem três grupos de cadáveres para recolhimento nos hospitais. O primeiro é o das vítimas do novo coronavírus. O segundo é designado de Covid Tratado, composto por pessoas que foram curadas da infecção pandêmica, mas faleceram devido a sequelas ou complicações da doença. O terceiro abrange as demais causas de morte.
Segundo a presidente da Asfun-DF, Tânia Batista da Silva, teoricamente, os três grupos deveriam ser separados nos necrotérios e nos frigoríficos das unidades de saúde, mas esse procedimento estaria sendo negligenciado – o que é negado pela Secretaria de Saúde. “Isso vem ocorrendo desde o começo da pandemia. Mas, com o aumento dos número de casos, piorou muito”, alertou Tânia.