A imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros pode, paradoxalmente, acelerar o processo de aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Essa é a avaliação de Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que comentou o impacto da medida durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (3).
Segundo Viana, embora o cenário traga incertezas, líderes europeus já demonstraram interesse em avançar com o acordo diante do endurecimento comercial promovido pelo presidente norte-americano Donald Trump.
“Já ouvimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul-União Europeia”, disse.
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Riscos e oportunidades
As novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos variam de acordo com a região: 10% para países da América Latina, 20% para a Europa e 30% para a Ásia. Apesar de o Brasil ter sido atingido com uma taxa mais branda, Viana alerta que o momento não deve ser visto como vantajoso.
“Não consigo enxergar vantagem nenhuma quando o mundo pode piorar sua relação comercial”, afirmou. “A tese do governo brasileiro não é a de tirar proveito, mas sim de trabalhar por um comércio global mais estável.”
Para o presidente da Apex, o tarifaço pode marcar uma mudança de era no comércio mundial, com possível protagonismo crescente da China e uma reação da Europa para manter suas parcerias estratégicas. Nesse contexto, o Brasil pode ganhar espaço — desde que mantenha a diplomacia e a busca por novos acordos multilaterais.
Investimentos no Brasil
Viana reconhece que, diante do novo cenário, o Brasil pode se tornar um destino mais atrativo para investimentos. No entanto, ele pondera que os ganhos só serão sustentáveis em um ambiente de estabilidade e cooperação internacional.
“Na incerteza, o Brasil pode receber mais investimentos. Mas um mundo em conflito é ruim para todos, inclusive para nós”, finalizou.
Foto: Apex/Divulgação