Um eclipse total da Lua poderá ser observado em todo o Brasil, caso as condições climáticas permitam. O fenômeno começará na noite de 15 de maio e terminará na madrugada de 16 de maio. Um eclipse da Lua proporciona um belo espetáculo no céu, é visível a olho nu e não causa qualquer dano à saúde.
O eclipse lunar total ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados – ou quase alinhados – e a sombra que a Terra projeta no espaço encobre totalmente a Lua, na fase cheia. Quando este eclipse ocorrer a Lua estará se movimentando à frente da constelação de Libra, ou Balança.
Esse fenômeno passa por cinco fases distintas: começa com um eclipse penumbral – que não é detectado pelo público em geral; em sequência, ocorre um eclipse parcial – quando a Lua parece estar “mordida”; depois, a totalidade, quando a Lua fica totalmente encoberta pela sombra da Terra e, muitas vezes – mas não sempre – adquire uma coloração avermelhada. Após a totalidade, acontece um novo eclipse parcial e, posteriormente, um novo eclipse penumbral.
Um eclipse total da Lua, incluindo a fase penumbral, dura algumas horas. Este, em particular, terá duração de 5 horas, 18 minutos e 44 segundos, incluindo todas as suas fases. A fase da totalidade, quando a Lua ficará completamente dentro da região mais escura da sombra que a Terra produz no espaço, a umbra, durará 1 (uma) hora, 24 minutos e 52 segundos.
Em Rondônia, o primeiro eclipse penumbral começará, aproximadamente, às 21h32. Porém, na fase penumbral, o público não observará nenhuma mudança na Lua, já que ela apenas diminuirá o seu brilho.
Às 22h27 iniciará o primeiro eclipse lunar parcial, que é detectado pelo público. Nessa fase a Lua parecerá estar sem um pedaço.
Às 23h29 começará a totalidade, quando realmente acontecerá o eclipse total da Lua, que atingirá o seu máximo à 00h11 do dia 16. O eclipse lunar total terminará cerca de 00h53.
Em seguida começará um novo eclipse lunar parcial que terá o seu término em torno de 1h55. Nesse horário, terminará a fase visível do eclipse da Lua.
Logo após, acontecerá um novo eclipse penumbral, que não é detectado a olho nu, e que terminará às 2h50, aproximadamente. As variações nos horários citados são de, mais ou menos, 1 minuto.
Em 8 de novembro deste ano haverá um outro eclipse total da Lua visível em nosso planeta. Porém, a observação dos fenômenos astronômicos depende da localização do observador. Para todos os brasileiros só será possível a visão do primeiro eclipse penumbral. Mas, como já citado, um eclipse penumbral não é detectado pelo público em geral. Nessa data apenas os moradores do Acre e da região oeste do Amazonas conseguirão observar, com facilidade, um eclipse parcial da Lua. Em Rio Branco (AC) a Lua irá se por parcialmente eclipsada, já em Cruzeiro do Sul (AC) será possível assistir ao começo do eclipse lunar total, porém, quando a totalidade começar a Lua estará muito baixa no céu o que dificultará a observação desse fenômeno astronômico.
Sobre a “Lua de Sangue”
A expressão “Lua de Sangue” não é usada em Astronomia para designar um eclipse lunar total. Essa expressão foi introduzida pelos pastores John Hagee e Mark Biltz e amplamente difundida na mídia. Eles atribuíram um significado espiritual aos eclipses totais da Lua na tetrada lunar que ocorreu em 2014-2015. Uma tetrada indica um conjunto de 4 eclipses lunares totais ocorrendo a cada 6 meses num intervalo de 2 anos. Isso não é comum. Após 2014-2015 a próxima tetrada só acontecerá em 2032-2033 (abril e outubro de 2032 e abril e outubro de 2033).
Hagee e Biltz sugeriram que algo dramático aconteceria no Oriente Médio, envolvendo Israel, que mudaria o curso da história no Oriente Médio e traria um impacto em todo o mundo – se referindo a um possível evento em que correria “sangue”, no sentido literal da palavra. A previsão, obviamente, não se concretizou.
Ademais, a Lua não fica necessariamente avermelhada num eclipse lunar total, embora essa tonalidade seja a mais comum. A escala Danjon é uma escala, de cinco níveis, utilizada para classificar o brilho e a aparência da Lua num eclipse lunar total, quando a totalidade atinge o seu máximo.
De acordo com o astrônomo André-Louis Danjon, durante o máximo a Lua pode ficar muito escura, quase invisível; ou, adquirir uma tonalidade cinza ou marrom; ou, ficar com uma cor de ferrugem, vermelho amarronzada; ou, mais avermelhada, com uma cor de tijolo vermelho; ou, ainda, com uma cor alaranjada.
A cor da Lua durante um eclipse lunar total depende do espalhamento e da refração das partículas presentes na atmosfera da Terra no transcurso do fenômeno.
O importante é ressaltar que, num eclipse lunar total a Lua não fica necessariamente da cor avermelhada forte para justificar, antes que o fenômeno aconteça, o nome “Lua de Sangue”. Porém, o público em geral costuma se interessar mais pelo assunto quando o título da matéria cita “Lua de Sangue” ao invés de eclipse total da Lua.
* Telma Cenira Couto da Silva é doutora em Astronomia pelo IAG – USP e professora aposentada da UFMT