Em quase quatro anos trabalhando como motorista de aplicativo, Arquimedes Galvão, de 39 anos, nunca tinha visto uma cena assim: um casal brigando e jogando uma criança para fora do carro no meio da rua. O caso aconteceu na noite da segunda-feira (9), em Porto Velho.
O motorista foi quem percebeu o que estava acontecendo, seguiu os pais da criança e chamou a polícia. Ele relatou ao jornal que a força veio do próprio instinto paterno.
“A gente que é pai é capaz de fazer qualquer coisa pelos nossos filhos. Eu acho que é isso aí que nos dá força, nos incentiva. Me incentivou a ir porque jamais iria querer ver o meu filho passando por uma situação daquela”, contou.
Arquimedes relatou que estava indo buscar um passageiro quando percebeu o casal ao seu lado brigando dentro do carro. Em determinado momento, a porta do veículo foi aberta e uma criança de quatro anos foi jogada pra fora.
“Na mesma hora ele [o homem que dirigia o veículo] arrancou com o carro e a criança ficou no meio da rua. Estava passando moto, carro e ela [a criança] correndo atrás do carro dele”, relatou.
Revoltado, o motorista de aplicativo pediu para um casal que passava de moto cuidar da criança enquanto ele perseguia o pais que continuavam brigando. Quando conseguiu alcançar, ele convenceu que eles voltassem e enquanto isso chamou a polícia.
Antes que os policiais chegassem, o suspeito tentou fugir mais uma vez, mas Arquimedes continuou a seguir o homem, que foi contido após cerco da PM, em uma área de matagal, localizado entre as ruas Três e Meio e Alvorada, cerca de 1km distante de onde abandonou a criança.
Estado da criança
Enquanto esperavam a equipe policial, o motorista tentou acalentar a criança que aparentava estar muito assustada por tudo que tinha acontecido.
“Ela estava muito nervosa, muito abalada. Quando colocava a mão assim no coração dela, parecia que o coração ia até sair pra fora. E aí eu tive que conversar com ela. A criança falou que aquilo não era a primeira vez, que [o casal] era acostumado a brigar sempre”, relembra.
De acordo com a Polícia Militar, a criança não queria ficar com a mãe, pois estava bastante nervosa e agitada. O Conselho Tutelar foi até o local da ocorrência e ficou com a guarda do menor, depois o entregou à avó materna. A criança não tinha lesões pelo corpo.