Morando ao lado do rio Madeira, um dos principais afluentes do rio Amazonas, os moradores da comunidade Terra Firme, em Porto Velho, ainda sofrem pela falta da água limpa.
Para fazer comida, beber água ou realizar algumas atividades domésticas, como lavar roupa, os ribeirinhos adotam alguns métodos: como comprar galões em comunidades próximas, esperar o surgimento de uma mina d’água e até coletar a água da chuva.
A terceira opção foi registrada por uma das moradoras da comunidade, que mostrou como faz para fazer a coleta da chuva, usando uma tampa de caixa d’água.
“É assim que faz para aparar a água da chuva para nosso consumo doméstico, porque a gente não pode usar a água do rio Madeira e somente essa água da chuva é que nós estamos usando aqui na nossa comunidade”, disse no vídeo.
Especialistas explicam que a água da chuva não deve ser ingerida, “já que pode apresentar em sua constituição, substâncias tóxicas e microrganismos”. Para poder consumi-la, a moradora mostrou como faz o tratamento.
“Agora que a chuva passou, a gente vai colher a água que aparou nessa tampa e a gente passa ela em um pano. Vamos fazer o tratamento com o cloro e agora a gente vai colocar na garrafa. A gente faz todo esse processo e coloca em uma garrafa pet, para depois de 1 hora que fez o tratamento, a gente vai usar pra beber”, explicou.
Custo alto
O produtor Aldair Gomes Vieira, de 42 anos, explicou que pelo menos duas vezes por semana percorre cerca de 30 minutos de rabeta para conseguir comprar 200 litros de água.
Pensando em reduzir os gastos com a compra de galões, Aldair conta que alguns moradores estão se organizando para a construção de um poço artesiano.
“A gente tá tentando conseguir [construir um poço], porque aqui, para conseguir água limpa, a gente tem que ir em Calama ou a gente vai em um poço que tem aqui na comunidade da Ressaca”, explicou.
Além do consumo próprio, Aldair mostra que a água também é necessária para conseguir manter sua principal fonte de renda, a produção de farinha.
Procurados pelo jornal, a prefeitura de Porto Velho informou que a construção de poços na comunidade Terra Firme e em outras localidades, já foi definida pelos engenheiros da Superintendência Municipal Distrital.
A administração municipal revelou que “as obras ainda não iniciaram porque o processo licitatório ainda não foi concluído, mas o dinheiro está reservado e na conta”. Dessa forma, a prefeitura não deu um prazo de quando as obras devem ser iniciadas na localidade.
A Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd), responsável pela distribuição de água no estado, também foi questionada sobre possíveis formas de atender os moradores da região do baixo madeira, mas até o momento da publicação desta reportagem, não respondeu.