SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) – O ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes (PDT) disse nesta quinta-feira (18) que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) não tem vivência para ser candidato à Presidência da República e demonstrou ser um magistrado “incompetente” por, segundo ele, “garantir a impunidade” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Moro se filiou ao Podemos na semana passada e, em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, disse se sentir preparado para assumir a liderança do projeto de governo.
Em junho deste ano, o STF declarou que Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações de Lula sentenciadas por Moro na Justiça Federal do Paraná. Com a decisão, o petista voltou a ser elegível e apto a se candidatar a presidente em 2022. O caso foi levado ao plenário do STF, no dia 15 de abril, e a declaração de incompetência de Moro foi confirmada por 8 votos a 3.
Para o pedetista, Moro “garantiu a impunidade” de Lula e de pessoas que integraram seu governo “porque trocou os pés pelas mãos e, ao invés de ser um juiz severo e equilibrado, foi um politiqueiro que usou a magistratura para sua ambição desmedida”.
Uma pesquisa eleitoral da Genial Investimentos e Quaest Consultoria divulgada na semana passada apontou que Lula lidera a disputa para as eleições de 2022, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Já Moro apareceu em terceiro lugar, empatado com Ciro.
PASTORE NA ECONOMIA
Durante a entrevista, Ciro também comentou o fato de o ex-presidente do BC (Banco Central) Affonso Celso Pastore ser o conselheiro de Moro sobre assuntos econômicos.
Apesar de ter elogiado o economista, classificando-o como uma “pessoa estimável e respeitável”, Ciro lembrou que ele foi presidente do BC ainda durante a ditadura militar, no governo Figueiredo.
“É menos do mesmo, é uma coisa absolutamente chocante que uma pessoa que não entende nada traga um homem do banco, um homem do sistema financeiro. O Brasil precisa desesperadamente discutir uma mudança do modelo econômico”, disse o pedetista, acrescentando ter uma equipe de “600 sábios” que o auxiliam sobre as diversas questões envolvendo o país.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada hoje, Pastore disse que não vai ser “posto Ipiranga” – uma referência ao apelido que Bolsonaro deu ao ministro da Economia, Paulo Guedes – de Moro. O economista, 83, afirmou que não está fazendo “o jogo de virar ministro”, não negociou nenhum cargo e está oferecendo “uma cooperação espontânea de um cidadão que a vida inteira deu aula de economia e acumulou conhecimento”.