Em evento na tarde da última quinta-feira (22), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) assinou um Termo de Cooperação Técnica com a Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA) para aumentar a precisão da detecção de desmatamento na Amazônia Legal via monitoramento de satélite e com o desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial que apontará as áreas foco para fiscalização.
O projeto, sem custos para o Brasil, terá duração prevista de 5 anos e, de acordo com o Ibama, prevê também um investimento total de US$5 milhões feito pela agência japonesa no Ibama, que incluirão equipamentos e cursos para capacitação de servidores no Japão.
Segundo o Ibama ainda, o projeto prevê a criação de um sistema de detecção complementar aos já existentes, como o Deter e o Prodes, ambos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O acordo de cooperação foi assinado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e pelo presidente substituto do Ibama, Jônatas Trindade, junto às autoridades japonesas. O objetivo da parceria entre Ibama e JICA é aprimorar o sistema de detecção de desmatamento por corte raso em florestas tropicais desenvolvido pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) para as condições amazônicas.
O monitoramento será feito pelo satélite japonês ALOS-2, que produz imagens de radar, tecnologia que permite a detecção de desmatamento mesmo que a superfície esteja coberta por nuvens ou com chuva, condições comuns nos céus sobre a maior floresta tropical do mundo – principalmente durante a estação chuvosa – e que dificultam a visibilidade.
Um consenso entre especialistas de fiscalização é que a peça-chave para o combate de ilícitos ambientais não é tanto o monitoramento e a identificação de áreas desmatadas, mas o que se faz com essa informação, no caso, a fiscalização in loco, com operações de inteligência para flagrar infratores ambientais.
De acordo com o Ibama, os dados gerados pelo ALOS-2 serão processados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (CENIMA) e enviados para a Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO), que coordena as operações de fiscalização ambiental. Também será desenvolvido um sistema de previsibilidade de áreas críticas de desmatamento para orientar e priorizar as ações de combate ao desmatamento ilegal.
“O Centro Nacional de Monitoramento e Informação (CENIMA) desenvolverá junto com o perito japonês, que ficará presente no Centro do Ibama, algoritmos para gerar alertas de desmatamento oriundos das imagens do satélite japonês ALOS 2. Nesse projeto, o Ibama identificará as áreas críticas para as ações de fiscalização e priorização dos alertas, por meio de rankeamento, utilizando inteligência artificial. O monitoramento será realizado pelos servidores do Ibama e os peritos da JICA”, explica a reportagem a assessoria de comunicação do órgão ambiental.
A assessoria informa ainda que o Ibama receberá os alertas de desmatamento na Amazônia Legal a cada 28 dias, uma informação que será fundamental especialmente na época chuvosa, “que é hoje um grande limitante de adquirir dados de desmatamento por parte dos sistemas atuais de monitoramento ambiental, que sofrem com a interferência da cobertura de nuvens”.
“Com esse aprimoramento nós vamos conseguir imagens que vão poder filtrar as nuvens em algumas regiões e com isso ter mais precisão no comando e na fiscalização, e nas operações que acontecem no território. Eu acho que essa é a palavra, inovação. É muito importante sempre estar melhorando os sistemas. O sistema já é bastante robusto, o sistema que é desenvolvido em parceria com o INPE e que o CENIMA faz aqui no Ibama é bastante robusto, mas é super importante inovação. Acho que essa parceria mostra a preocupação com inovação no comando e controle dos crimes ambientais, na Amazônia especialmente”, declarou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante o evento.
O atual acordo entre Ibama e a JICA começou a ser negociado em 2018 e de acordo com o ministro, a parceria já vai começar a dar resultados. “Nos próximos meses nós já vamos estar treinando técnicos em geo [geoprocessamento] para poder utilizar esse novo sistema e assim ter mais precisão nas operações”, afirmou.