Aziz sobre prescrição de remédios: Quem é Bolsonaro para indicar medicação?

Na visão de Aziz, prescrever sem responsabilidade um medicamento que leve a morte de uma pessoa é o mesmo que “dar um tiro” e cometer um assassinato. Para ele, o Congresso tem obrigação de estudar “lei bastante rigorosa” nessa área

Por Estadão Conteúdo

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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid do Senado, Omar Aziz (PSD-AM), criticou duramente neste domingo (9) a postura de quem prescreve ou indica remédio sem ser profissional da saúde. Aziz mirou no presidente Jair Bolsonaro, defensor da cloroquina para pacientes de covid-19, mesmo sem o medicamento ter eficácia comprovada para essa finalidade.

Na visão de Aziz, prescrever sem responsabilidade um medicamento que leve a morte de uma pessoa é o mesmo que “dar um tiro” e cometer um assassinato. Para ele, o Congresso tem obrigação de estudar “lei bastante rigorosa” nessa área.

“Quem somos nós, quem sou eu, quem é o presidente Bolsonaro para dizer qual é a medicação que se vai tomar?”, questionou Aziz em entrevista ao historiador Marco Antonio Villa divulgada neste domingo no Youtube.

“Não é só ele, estou dizendo sobre qualquer um de nós. Esse é um crime que você comete”, disse o senador. O presidente da CPI também desaprovou Bolsonaro por não mudado “um centímetro” em sua postura desde que a pandemia do novo coronavírus começou. Aziz lembrou que durante esse período a ciência tem tentando entender a doença, mas o presidente continua a emitir posições contrárias às recomendadas por especialistas.

“Se tem uma pessoa nesse país que nunca enganou ninguém foi o Bolsonaro. Ele desde o primeiro momento tem uma linha que ele acha correta e, no meu ponto de vista, não é correta. Mas ele fala aquilo sem nenhuma dúvida de que ele está correto. Então, desde o primeiro (dia) ele defende que as pessoas têm de trabalhar, que para ele aglomeração não tem nada a ver, ele defende a imunidade de rebanho, a cloroquina, a ivermectina, ele sempre defendeu, não mudou de opinião desde o primeiro dia até hoje, infelizmente”, comentou o senador. “E isso não é bom, porque a gente pode, às vezes, dar uma informação equivocada, ter um pensamento equivocado, e mudar de opinião. Ele até ontem, está com a mesma tese, não mudou um centímetro”, concluiu Aziz.

Para o presidente da comissão, uma lição que pode ser retirada da pandemia até o momento é sobre a necessidade de o Congresso aprovar um “lei rigorosa” sobre a prescrição e divulgação de remédios por quem não é profissional da saúde.

“É lógico que é uma campanha arquitetada por poucos, mas que parece milhões fazendo esse tipo de propaganda, enganosa, mentirosa. Uma pessoa dessa, se dá medicamento que (leva uma) pessoa a óbito, é a mesma coisa que você dar um tiro numa pessoa, não há diferença, se está cometendo um assassinato. Então, o Congresso tem obrigação de ser bastante rigoroso, com uma lei bastante rigorosa, em relação à prescrição de remédios por não profissionais”, disse o senador.

O presidente da CPI da Covid também questionou a segurança de se distribuir medicamento como a cloroquina em Unidades Básicas de Saúde. “A gente sabe que a cloroquina para quem tem arritmia, problemas cardíacos, ela tomada em excesso leva a óbito, isso está comprovado cientificamente. Como você vai distribuir cloroquina em Unidade Básica de Saúde sem saber o que o cidadão tem. Quando vai a hospital, ou UBS, ‘estou com febre, falta de ar’, ‘toma isso aqui’. Você nem sabe quem é o sujeito, não sabe nem o que ele tem”, alertou Aziz.

Como mostrou o Broadcast/Estadão, o Ministério da Saúde chegou a lançar um aplicativo para orientar o enfrentamento da covid-19 que recomendava uso de antibióticos e cloroquina, ivermectina e outros fármacos para náusea e diarreia ou para sintomas de uma ressaca, como fadiga e dor de cabeça.

A lista de medicamentos sem eficácia comprovada contra covid era sugerida pela plataforma, que só podia ser usada por médicos, para qualquer soma de dois sintomas, mesmo se o paciente não tivesse saído de casa ou contato com algum infectado nas duas últimas semanas. Após receber críticas, a plataforma foi retirada do ar.

Fonte: Estadão Conteúdo

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