Tratamentos médicos para casos como o do bebê que nasceu com uma malformação grave no rosto, em Portugal, são complexos e requerem uma série de cirurgias ao longo da vida.
O professor doutor Aristides Augusto Palhares Neto, do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, diz que malformações desse tipo além de “extremamente raras”, requerem acompanhamento por uma equipe de diversas especialidades.
O menino, que completa um mês de vida nesta quarta-feira (7), nasceu sem o céu da boca, nariz, olhos e parte do crânio. Também é surdo, segundo o relato de uma fonte próxima à família a um site português.
A expectativa era de poucas horas de vida, mas hoje Rodrigo se alimenta pela mamadeira e respira sozinho.
Palhares Neto afirma que apenas uma tomografia e um exame clínico são capazes de identificar a real condição da criança, mas afirma que alimentação e respiração são fundamentais para decidir os próximos passos do tratamento.
“A primeira preocupação nossa é entender o quanto essa malformação põe em risco a vida dessa criança, se afeta a capacidade de mamar, respirar e manter quantidades basais mínimas de vida: temperatura, frequência cardíaca, e ritmo respiratório. [Respirar e mamar sozinho] significa que toda a parte nervosa que permite que isso aconteça está funcionando bem, a musculatura que permite a deglutição do leite também. ”
Qual seria a primeira cirurgia a ser feita depende principalmente do ganho de peso do bebê, já que são operações com grande perda de sangue. O acompanhamento do quadro clínico nos primeiros meses é praticamente diário.
“O que a gente pensa nesses casos é o que se pode fazer para melhorar a qualidade de vida dessa criança. A gente inicia o tratamento avaliando a situação da criança, dando suporte e acompanhando ao longo do processo evolutivo o que ela precisa e o que ela pode se livrar ao longo do tempo”, ressalta o cirurgião.
Segundo o professor, “existe um leque enorme de opções” cirúrgicas para malformações craniofaciais.
Médico não percebeu malformação
A gestação da mãe de Rodrigo ter chegado ao fim sem que se tivesse identificado a malformação chocou a população de Portugal. O obstetra que acompanhou a mulher teve a licença suspensa e é alvo de processo por negligência.
Mas um caso assim é tão raro que, segundo o professor da Unesp, pode passar por um exame de imagem sem ser identificado.
“Quando se faz um ultrassom de uma forma mecânica, e o médico que está fazendo só faz medidas, não avalia a morfologia geral, isso passa despercebido. Então, poderia passar, principalmente para uma pessoa que não está procurando lesões.”
Ainda, de acordo com o cirurgião, equipamentos de ultrassom que ofereçam imagens de baixa qualidade também tornam difícil a detecção desse tipo de malformação, que ocorre no primeiro trimestre de gestação