Dados do Programa para Imigrantes e Refugiados (Pena) apontam que no período de um ano – de outubro de 2018 ao mesmo mês em 2019 – já foram atendidos 1,5 mil venezuelanos na capital. Segundo a Prefeitura de Porto Velho, mesmo com duas casas de apoio, cerca de 37 estrangeiros estão sem moradia.
- Cerca de 3,7 milhões de venezuelanos deixaram o país por causa da crise
com uma placa de papelão nas mãos um pedido ajuda: “Venezolano preciso de ajuda pra meu filho ou trabalho”. O uniforme do mercado onde Antony Marcano trabalhava na Venezuela, foi substituído pelas roupas simples, depois da demissão em massa, devido a situação do país de origem.
“O salário mínimo já não dava para nada. Só dava para comprar farinha. Eu trabalho com diárias. Um emprego fixo ainda não consegui. Só fico pedindo pelas ruas”, desabafa o venezuelano.
Com o alto fluxo de imigrantes, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu Porto Velho como corredor de imigração. Essa demanda expôs a fragilidade do município.
De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família (Semasf), mesmo com a demanda podendo ser vista nas ruas, o município ainda não conseguiu ajuda financeira do Governo Federal e nem do Estadual.
“Só os venezuelanos a gente atendeu 218 com café da manhã, almoço e janta. Sendo atendidos pelos assistentes sociais e psicólogos”, fala secretária adjunta da Semasf, Ana Negreiros.
Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família diz que se reuniu com o Governo do Estado para solicitar recursos para o acolhimento dos venezuelanos.
A secretária Luana Rocha e a equipe dela explicaram que o Governo está sem recursos para esse fim. No entanto, a Secretaria de Estado da Assistência e do Desenvolvimento Social (Seas) fará o estudo para encontrar um meio de ajudar o município.
Superlotação em abrigos
Para o psicólogo social, Thiago Sitta, o primeiro passo para combater a superlotação em abrigos e o impasse entre as organizações, está na formação de um comitê para imigrantes e refugiados.
“Se a gente ‘atacasse’ o problema de forma organizada, ordenada, articulada a gente teria uma reposta mais eficaz. Um comitê para a discussão dessas situações seria eventualmente uma parte da solução”, diz o psicólogo social.
Thiago ressalta ainda que pode ser que Rondônia ainda não esteja preparada para receber a demanda de imigrantes refugiados.
“Existe a perspectiva de rearranjar os equipamentos que já existem, mas também de pensar novas possibilidades. Porque talvez, não estejamos preparados com uma estrutura governamental a nível de estado e município”, finaliza.