A vacina foi desenvolvida em menos de três meses por uma equipa da Universidade de Oxford. Matt Hancock, ministro da Saúde britânico, anunciou esta semana o início dos testes e disse que “as vantagens de ser o primeiro país do mundo a desenvolver uma vacina bem-sucedida são tão grandes que estamos a investir todos os recursos possíveis”.

O ministro da Saúde disse ter disponibilizado 20 milhões de libras (22,60 milhões de euros) para a equipa de Oxford e outros 22 milhões de libras (24,90 milhões de euros) para outro projeto de vacina desenvolvido no Imperial College de Londres.

No caso de Oxford, Sarah Gilbert, do Instituto Jenner, liderou a investigação pré-clínica. “Pessoalmente, tenho um alto grau de confiança nesta vacina”, disse.

“É claro que temos de testar e obter dados de humanos. Temos de demonstrar que realmente funciona e impede que as pessoas sejam infetadas com coronavírus antes de usar a vacina na população em geral”, explicou a cientista, citada pela BBC.

Esta vacina é fabricada a partir de uma versão enfraquecida de um vírus de uma constipação comum (conhecido como adenovírus) de chimpanzés que foi modificado para que não possa desenvolver em humanos.

A única maneira da equipa ficar a saber se a vacina Covid-19 funciona mesmo é comparar o número de pessoas infetadas com coronavírus nos próximos meses entre os dois ramos de voluntários deste ensaio. Isto pode ser um problema se os casos caírem rapidamente no Reino Unido, porque pode não haver dados suficientes. Mas os investigadores consideram que o vírus irá permanecer ativo por meses e irá ser possível fazer o teste.

E não se poderia injetar o vírus nos voluntários? A equipa de Oxford rejeita. “Seria uma maneira rápida e certa de descobrir se a vacina era eficaz, mas é eticamente questionável porque não existem tratamentos para o Covid-19”, disse Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group, cientista que lidera esta fase do ensaio. A segurança dos voluntários é assim uma preocupação e vão ser acompanhados com rigor nos próximos tempos.

Os investigadores da vacina estão a dar prioridade no recrutamento de profissionais de saúde como voluntários, pois são mais propensos do que outros a serem expostos ao vírus.

Um estudo maior, com cerca de 5.000 voluntários, começará nos próximos meses e não terá limite de idade.

Alemanha faz também ensaios

Na quarta-feira, a Alemanha anunciou também que vai avançar com o ensaio clínico de uma vacina contra a covid-19 num grupo de voluntários saudáveis.

Segundo o Instituto Paul Ehrlich (PEI), a entidade federal responsável por vacinas e medicamentos biomédicos no país, esta é a quarta autorização no mundo para testes em humanos de possíveis vacinas contra a doença da covid-19.

O ensaio clínico, desenvolvido pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech e a farmacêutica norte-americana Pfizer, visa “determinar a tolerância geral da vacina em teste e a sua capacidade de propor uma resposta imune contra o agente patogénico”, um vírus de ARN (ácido ribonucleico) que tem a particularidade de sofrer mutações.

Na primeira fase do estudo clínico, uma das várias variantes de vacina será testada em 200 voluntários saudáveis com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos.

Após um período para observação dos vacinados, será lançada a segunda fase do estudo, na qual serão vacinados mais voluntários da mesma faixa etária, mas com alto risco de infeção ou de desenvolver complicações em caso de infeção.

“O teste de possíveis vacinas em pessoas é um marco importante no caminho para a produção de vacinas seguras e eficazes contra a covid-19”, sublinhou o PEI, em comunicado.

A aprovação do estudo “é o resultado de uma avaliação minuciosa do risco-benefício da potencial vacina”, acrescentou.

Há 115 vacinas em desenvolvimento

Os ensaios clínicos também deverão ser realizados pela Pfizer nos Estados Unidos, assim que as autoridades reguladoras derem luz verde, indicou a BioNTech, especialista em tratamentos contra o cancro.

No início do mês, a revista científica Nature contabilizava 115 vacinas candidatas contra a covid-19, das quais 73 encontravam-se em fase exploratória ou pré-clínica.

A primeira vacina candidata contra a covid-19 começou a ser testada em 16 de março, nos Estados Unidos, depois de ter sido publicada, em 11 de janeiro, a sequência genética do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença respiratória aguda.

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