Com texto sobre massacre indígena, aluna de escola pública de RO ganha Olimpíada de Língua Portuguesa

As memórias de um atentado que aconteceu na década de 60 contra o povo indígena Cinta-Larga se tornou uma história ...

Por G1

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Com texto sobre massacre indígena, aluna de escola pública de RO ganha Olimpíada de Língua Portuguesa

As memórias de um atentado que aconteceu na década de 60 contra o povo indígena Cinta-Larga se tornou uma história premiada nacionalmente nesse mês de dezembro na Olimpíada de Língua Portuguesa, promovida pelo Ministério da Educação (MEC) e parceiros.

Concorrendo contra mais de 11 mil estudantes em todo o país na categoria “Memórias Literárias”, a aluna trouxe a medalha de ouro para Rondônia com a história “Paralelo 11: do cocar vermelho ao pé de jatobá”.

“O meu texto relata uma terrível ocorrência de 1960 e que envolveu o povo Cinta-Larga. Com essa redação conquistei a medalha de ouro e estou muito feliz, especialmente pela orientação do professor Alan”, disse a aluna.

O texto premiado foi baseado em uma entrevista realizada com o Cinta-Larga Anemã Irun, de 50 anos.

Medalhas da Olimpíada de Língua Portuguesa — Foto: Itaú Social/Camilla Kinker

Karoline e o professor Alan Francisco Gonçalves de Souza, foram a São Paulo receber o prêmio no dia 9 de dezembro. O docente, que é referência no município por leitura e escrita, também recebeu uma medalha por esforço e dedicação nas olimpíadas.

Em entrevista, Alan disse que já é a terceira vez que ele traz alunos medalhas de ouro ao estado. A primeira foi em 2012. Na ocasião, o estudante Jhonatan Kempim escreveu o texto “O tempo, o chiado e as flechas”. Já em 2014, foi o ano da aluna Aline Glanzel ser a campeã com a obra “O Bailarino e a Cerejeira”.

“Cada vez foi uma sensação diferente, pois são textos do país inteiro e, quando a gente consegue ser o texto campeão, conseguimos perceber que nosso trabalho é de excelência”, contou o professor.

Além da medalha de ouro por Karoline, Rondônia também conquistou a medalha de prata na categoria de crônica pelo texto de outra aluna do professor: Letícia Prasser Cortês, de 14 anos.

Alan Gonçalves relatou que estava preparando os estudantes para o concurso desde abril, realizando oficinas e trabalhos de escrita e reescrita com alunos do 6°, 7°, 8° e 9° ano.

O concurso

A 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa tem como tema “O lugar onde vivo”, um estímulo à reflexão sobre as realidades locais — Foto: Divulgação
A Olimpíada de Língua Portuguesa é um concurso de produção de textos para estudantes de escolas públicas de todo o país.

Essa é a 6ª edição da olimpíada, que teve a participação de mais de 85 mil professores, de 42.086 escolas, distribuídas em 4.876 municípios brasileiros.

Neste ano o tema escolhido foi “O lugar onde vivo”, e contou com cinco categorias: poema, memórias literárias, crônica, documentário e artigo de opinião.

Segundo a organização, dentre os 569 estudantes semifinalistas e seus professores (medalha de bronze), 173 foram selecionados como finalistas (medalha de prata) e, 28 foram vencedores (medalha de ouro).

O texto da estudante Karoline Vitória foi publicado nas páginas 58 e 59 da coletânea “O lugar onde vivo”, junto aos outros textos finalistas. Clique aqui para conferir.

 Massacre do Paralelo 11
O massacre ocorreu em 1963, quando fazendeiros invadiram aldeias, mataram indígenas com comida envenenada, dinamites, espalharam doenças e roupas contaminadas para afetar a população Cinta-Larga que vivia em diversas aldeias.

Apenas duas pessoas sobreviveram ao massacre, que foi parte do maior genocídio dos povos indígenas no Brasil.

Um dos casos mais emblemáticos é de uma indígena que foi amarrada de cabeça para baixo em uma árvore e teve seu corpo cortado ao meio por dois garimpeiros.

Fonte: G1

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